13/04/2005

Descubra as diferenças

.
As fotografias que tirei ontem, numa ida obrigatória ao Carmo, servem perfeitamente para mostrar a diferença entre um espaço que se preservou, acolhedor (apesar de as árvores ainda estarem pouco crescidas) e um outro, inóspito, cinzento, que nos amarga o coração.
No primeiro as pessoas passam, sentam-se nos bancos com encosto, alegram os olhos com as crianças, os pombos, as flores, a calçada. No outro...
.

Praça de Carlos Alberto- calçada luminosa e canteiros com flores : "A gente gosta!"


fotos: mdlramos abril 2005 - Praças de Parada Leitão e dos Leões petrificadas em cinzento (abominamos!)
..
Servem também as fotografias (nem de propósito) para acompanhar o texto de Paulo V. Araújo, publicado hoje em versão abreviada no Jornal de Notícias, sobre o sizento projecto da Avenida dos Aliados, que aqui transcrevemos integralmente:

«Apresentado publicamente pelos seus autores em 14 de Março passado, o projecto de remodelação da Avenida dos Aliados deverá, segundo anúncio da Câmara da Porto, estar concretizado até ao próximo mês de Agosto. Essa remodelação, financiada e executada pela empresa Metro do Porto, é consequência da construção de uma estação de Metro que, situada como está a meio caminho entre duas outras muito próximas (S. Bento e Trindade), nunca foi cabalmente justificada.

Pelas declarações que foram vindo a público, e pelas intervenções anteriores dos mesmos arquitectos no espaço público da cidade (Rotunda da Boavista, por exemplo), não se pode dizer que o projecto para a Avenida seja uma surpresa. De facto, uma das tendências que avulta nas transformações a que a cidade vem sendo submetida é a recusa do colorido, do canteiro com flores, e a opção pelos grandes espaços monocromáticos cobertos por granito ou arrelvados. Toda a
zona da Cordoaria, Parada Leitão e Leões foi intensamente petrificada pela Porto 2001; e as flores e canteiros desapareceram dos jardins da Rotunda da Boavista, da Cordoaria e da Avenida de Montevideu. Esta predilecção pelo cinzentismo, que ignora ou desdenha o que é característico das nossas cidades em favor de uniformizantes modelos de importação, é inteiramente perfilhada pelos arquitectos a quem foi adjudicada a requalificação dos Aliados.

Uma primeira perplexidade é que, tendo as obras da Porto 2001 provocado um desagrado tão manifesto em vastos sectores da cidade, se insista na mesma estética minimalista. Quem frequenta a cidade reconhece como o espaço público petrificado se tornou inóspito, mais frágil e, tirando ocasiões especiais, mais rarefeito da presença humana; e como essas transformações radicais, ao obliterarem a memória dos lugares, criaram, na feliz expressão de Rui Moreira, um efeito de orfandade nos cidadãos. Dir-­se-­ia, pois, que o fracasso da Porto 2001 não trouxe ensinamentos a quem planeia o espaço público ou sobre ele decide, e que estamos perante uma flagrante incapacidade de aprender com a (má) experiência.

As intervenções em zonas públicas consolidadas com alto valor patrimonial ou simbólico devem respeitar o carácter dos locais - e, em qualquer caso, não podem ser decididas de forma autocrática, ignorando a opinião dos cidadãos e os seus laços afectivos com a cidade. Ora, nada disso se passou neste caso e noutros semelhantes: os arquitectos decidem com toda a liberdade sobre o futuro de lugares que a todos pertencem; e à cidade, aturdida pelo prestígio dos arquitectos, só é consentido que exprima uma admiração sem reservas ou se cale.

Há aqui graves vícios de procedimento: primeiro, que o trabalho seja confiado aos arquitectos por ajuste directo e não por concurso público; segundo, que não haja um caderno de encargos que corporize, a bem da salvaguarda do património e da identidade urbana, os parâmetros a que o projecto deve obedecer; terceiro, que não se tenha promovido uma ampla e fecunda discussão pública em todas as fases do processo. E o procedimento autista da Câmara é ainda mais inaceitável por estar em causa um espaço emblemático, autêntica sala de visitas da cidade.

Ressalvando que este processo, por estar ferido de autoritarismo e torpedear os direitos dos cidadãos, deveria ser refeito desde o início, entendemos ainda assim manifestar a nossa opinião, na esperança de que pelo menos se repensem algumas das opções mais gravosas do actual projecto, como sejam:

1) o uso exagerado do granito, agravado pela ausência de arborização na placa central da Praça da Liberdade, que irá conferir um ar soturno a todo o conjunto e potenciar situações de desconforto térmico em dias de calor (já notório noutros locais da cidade sujeitos a tratamento semelhante);

2) a supressão, como já aconteceu na Praça da Batalha, da calçada portuguesa - que, além de embelezar o pavimento e ser uma marca da nossa fisionomia urbana que importa preservar, é no presente caso especialmente valiosa, exibindo um conjunto de raros e expressivos desenhos alusivos à produção do vinho do Porto;

3) a abolição dos canteiros floridos, numa atitude de menosprezo pela grande tradição floral portuense, que hoje sobrevive nos jardins públicos graças ao inestimável Viveiro Municipal e aos meritórios esforços dos jardineiros camarários;

4) a promessa de renovar a arborização da Avenida com árvores iguais às que ainda lá existem (Acer platanoides) e se revelaram inadaptadas ao local, o que só se pode explicar por ignorância;


5) o sacrifício de duas esplêndidas magnólias, junto à Igreja dos Congregados, que são uma referência na zona e florescem vistosamente nos primeiros meses de cada ano;

6) as facilidades concedidas ao automóvel, com a manutenção de três faixas de rodagem em cada sentido e dos atravessamentos na placa central, o que é uma atitude incompreensível face ao pesado investimento na rede do Metro e torna o centro da Avenida, que se quer um passeio público animado de vida, numa ilha rodeada de trânsito intenso;

7) o bizarro capricho de rodar 180 graus a estátua equestre de D. Pedro, obrigando-o a dar as costas, 170 anos depois, ao inimigo que tão garbosamente enfrentou durante o histórico cerco do Porto.

Fazer cidade não pode ser, como tem sido nos últimos anos, vestir o espaço público com um novo figurino que o torne irreconhecível. O dinheiro que se tem esbanjado nessas mal avisadas requalificações seria muito mais bem empregado na manutenção ou recuperação historicamente consciente de jardins e praças, ou na construção de novos jardins ou espaços públicos de qualidade em lugares onde eles não existam. Esta nova Avenida dos Aliados que a empresa Metro do Porto oferece à cidade tem um ar de requentado déjà vu; a cidade, para seu bem, deve ter a frontalidade e a lucidez de recusar a oferta.»

.

17 comentários :

AM disse...

Cito:
"a cidade, para seu bem, deve ter a frontalidade e a lucidez de recusar a oferta."

Não podia estar mais de acordo.

Pergunto:
Como?

Por tudo:
Obrigado.

A. Moreira

João Soares disse...

Pensava o autarca que lá porque ESTE projecto TEM assinatura de ARQUITECTOS de "RENOME",silenciavam a contestação.Já deu para ver os estragos em betão que Siza e Souto Moura fizeram, para não aceitarmos mais uma vez tamanha incultura ecológica.

"O bem-estar não pode ser apenas social, mas tem de ser também sociocósmico. Ele tem que atender aos demais seres da natureza, como as águas, as plantas, os animais, os microorganismo, pois todos juntos constituem a comunidade planetária, na qual estamos inseridos, e sem os quais nós mesmos não viveríamos."-Leonardo Boff

Anónimo disse...

Parabéns. Excelente artigo contra o Urbanismo de Griffe, como bem classificou Alexandre Burmester.Estou a escrever um post sobre isto no sítio do costume.

LFV disse...

Palmas, palmas, palmas! É triste mas parece verdade. Este blogue diz mais da cidade, interessa-se mais por ela, é mais sensato do que todo o hiperbólico site da Câmara do Porto. Bem haja!

AM disse...

Pergunto novamente, recusar a oferta como ?

Não se pode seguir o exemplo da petição em curso sobre o projecto da ADICAIS?

A. Moreira

Maria Carvalho disse...

Caro A. Moreira: Iremos verificar se a avenida dos Aliados, e em particular a calçada portuguesa dos seus passeios, está incluída na classificação do Porto como património mundial; se assim for, pode ser interessante tentar que a Unesco se pronuncie sobre este assunto.

Anónimo disse...

Como já tenho dito, sou grande apreciador da obra destes arquitectos. Fala por si, a obra, de tão extensa e de tanta qualidade.
No entanto, tal como os autores do blog e muitas outras pessoas da cidade, estou extremamente desiludido com as intervenções até agora realizadas e mais ainda com a anunciada para a Avenida dos Aliados. Mas, a culpa não é dos arquitectos, é de quem os contratou. Uma olhadela de relance pela obra feita, conclui-se imediatamente que é minimal, rigorosa, por vezes até austera (a somar a pouca ou nenhuma intervenção urbana do género) -- é isso que se deseja para a cidade? Parece que não. Então para quê contratar arquitectos com estas características? Resposta: para os políticos andarem colados a nomes de prestígio e tentarem um "halo effect". Enquanto o dinheiro rolar, os arquitectos também não se importam.
Veja-se o caso, paradigmático, das placas toponímicas da cidade. Uma vergonha, só solucionável deitando-as fora e fazendo novas. O autor? O eminente professor Armando Alves. Designer? Arquitecto da Informação? Não, Pintor e Escultor. Os do PS colavam-se sempre que podiam aos "quatro vintes" e o PSD faz igual a expensas da cidade.
Discordo com o Paulo V. Araújo na questão do concurso público. É necessária uma dose muito apreciável de confiança no sistema, para ainda confiar em concursos públicos. Lamento, mas não a tenho. Sou adepto da escolha das pessoas certas, para a tarefa acertada.
Idem para a discussão pública. Que interessa a minha opinião e a de mais um monte de leigos, eventualmente menos informados que eu? Sou adepto da discussão de sábios, nas suas respectivas áreas de intervenção. No fim, há-de haver sempre quem goste e quem não goste. O importante, é que num país, e em particular, numa cidade com recursos limitados, se tente fazer sempre o melhor para não ter que mudar nunca. -- JRF

AM disse...

Cara Maria Carvalho
Cito: "Caro A. Moreira: Iremos verificar se a avenida dos Aliados, e em particular a calçada portuguesa dos seus passeios, está incluída na classificação do Porto como património mundial; se assim for, pode ser interessante tentar que a Unesco se pronuncie sobre este assunto. "

Boa sorte nessa iniciativa.
Penso que algo tem que ser feito.
Obrigado
A.Moreira

Paulo Araújo disse...

Caro JRF: O espaço público é de todos, e não só dos especialistas ou dos "sábios"; é por isso que, em qualquer intervenção que traga alterações significativas a esse espaço, o público deve ser consultado. Outra coisa é a concepção e avaliação dos projectos, que, embora tanto quanto possível balizados pela soma (ou média) de opiniões recolhidas durante a consulta pública, devem ser confiados a especialistas. Quanto ao concurso público, é uma questão de moralidade e de igualdade de oportunidades. Caso contrário, os jovens arquitectos (incluindo paisagistas) não têm hipóteses de se afirmarem e arriscamo-nos, em poucos anos, a ter Portugal redesenhado de uma ponta a outra pelo "dream team" (ou, como diz a Manuela, pelo "nightmare squad").

Maria Carvalho disse...

Caro JRF: A Câmara fez exactamente o que preconiza: fez ajuste directo com "as pessoas certas", convidando-as para a "tarefa acertada". Assim o julga o executivo que convidou Souto Moura e Siza Vieira. E os "sábios" arquitectos da Porto 2001 até gostaram e elogiaram o projecto. Siza Vieira, em declarações aos jornais, apreciou naturalmente este apoio dos "especialistas", ignorando as vozes contra dos "leigos".

A solução, apesar de seguir o caminho que sugere, parece-lhe - como a nós - danosa para a cidade. Pois, é por isso que nos questionamos sobre como se chegou às "pessoas certas", à "tarefa acertada" e aos "sábios" a ouvir, se não houve concurso público de propostas, nem caderno de encargos com exigências sobre a preservação do património da cidade, entre outras.

Anónimo disse...

O espaço público é de todos, e não só dos especialistas ou dos "sábios"
Não vejo em quê que a discussão de sábios, implique que o espaço é deles. A discussão pública para tudo e para nada, é mais uma boa forma de paralizar a cidade e o país. No entanto, neste blog o que acontece é uma discussão pública, se servir para alguma coisa -- e julgo que tem servido --, é o tipo de discussão pública que posso apoiar e participar.
É exactamente por não haver moral nos concursos públicos que não sou a favor deles. Aliás, não há memória (minha pelo menos) de jovens arquitectos que se afirmaram por essa via, até porque esses ditos concursos, contêm sempre umas providenciais cláusulas que os eliminam à partida.
A Câmara fez exactamente o que preconiza: fez ajuste directo com "as pessoas certas", convidando-as para a "tarefa acertada".
Julgo ter dito que não achava que seriam "as pessoas certas" para o caso concreto. Refere-se à não existência de concurso público, insinuando que pelo facto de concordar com o método seja obrigado a concordar com os resultados. Nem sou obrigado, nem concordo -- aliás, correndo o risco de me repetir, idem para a contratação dos arquitectos em causa. Daí até ao que eu "exactamente preconizo", vislumbro alguma distância.
Quanto à "tarefa acertada", realmente não me considero informado sobre a necessidade da intervenção na Avenida dos Aliados. A fazer fé no artigo, a própria presença da estação de Metro não é plenamente justificada.
O mais grave no meio disto tudo, é (aparentemente) não ter existido um caderno de encargos que defendesse o interesse da cidade e dos seus cidadãos. Aliás até me custa a crer. Quem no seu perfeito juízo entrega assim uma praça (a geniais ou não) e limita-se a dizer "façam"? -- JRF

ManuelaDLRamos disse...

Ó JRF como pode afirmar «Mas, a culpa não é dos arquitectos, é de quem os contratou.»?! A culpa é de ambas as partes e no meu entender ainda mais dos arquitectos. Tal como os alfaiates/ e as modistas, os cozinheiros, os jardineiros (etc..)que não podem trabalhar em abstracto mas para aquele cliente em particular (que vai vestir o fato, comer o prato, habitar o jardim) também o arquitecto -que faz a casa, remodela a praça, a Avenida...- não pode afrontar o cliente, neste caso a Cidade, e fazer algo desadequado, diria até despropositado.

Anónimo disse...

Nem me passa pela cabeça que os autores não tenham realizado o melhor, dentro das suas concepções de arquitectura e da cidade.
Mas, a Manuela vai à modista, diz-lhe umas generalidades, ou pior, diz-lhe que quer um casaco, mas desejava uma saia, não pode esperar bons resultados -- ou pelo menos os adequados às suas necessidades; vai ao restaurante, deixa a escolha com o proprietário que serve excelente carne, mas afinal peixe seria mais saudável e até aconselhado pelo médico, quer culpar o cozinheiro? Contrata um jardineiro de renome, muito gostava de um jardim de bolbos, mas está constrangida porque o jardineiro é um génio -- o resultado é um jardim de silvas :) , a última moda --, quer culpar o genial jardineiro, que até pensava que era na moda que a Manuela queria estar?
E no meio disto tudo, constatado o resultado, aceita? Se calhar é obrigada a aceitar, porque a recusa tem custos -- porque nem a modista, nem o cozinheiro, nem o jardineiro andaram a brincar.
Eu tenho muita pena que o projecto seja desadequado. Tem poucas árvores e nenhumas flores. E arruina as magnólias, isso para mim até já bastava para o chumbar -- mas uma afronta ao cliente? Nós nem sabemos o que o cliente solicitou. -- JRF

ManuelaDLRamos disse...

JRF, os exemplos que apresenta não me convencem e vou ficar-me pela modista pois acho que serve bem para exemplificar o que eu entendo por adequação:
uma boa profissional até aconselha a cliente, e é capaz de avaliar o que melhor lhe fica, convencendo-a, se isso for o caso, que a última moda não é propriamente o que mais a irá valorizar.

Anónimo disse...

A nova avenida doa Aliados projectada da pelos arquitectos Siza Viera e Souto Moura, não passa de um exercicio economico, pois é mais barato manter um jardim de "pedras" e arvores, do que manter um relvado, este tem de ser regado e aparado com alguma frequência e os canteiros com flores têm de ser mudados conforme a época do ano.
Por tal, penso que os ditos arquitectos, foram muito bem escolhidos para este trabalho pelo presidente da camara do Porto, por sinal formado em economia.

Pedro Moura disse...

Carta aberta à Campo Aberto:
Vou falar-vos da vossa luta contra a intervenção na avenida dos aliados, inserida na requalificação que as obras da estação do metro obrigaram fazer. Antes de começar gostaria que fechassem os olhos, respirassem fundo e libertassem o vosso pensamento. Fiquem assim o tempo necessário até conseguirem libertar a mente de todo o tipo de pensamento.
Agora vou começar.
A cidade do Porto é, à semelhança do país a que pertence, rica em atentados ambientais, problemas de gestão urbana, territorial e de espaços naturais. São inúmeros os casos em que a intervenção de ONGs contribui decisivamente para a resolução de alguns desses problemas. Tenho aliás a opinião de que em sociedades fechadas, e mt pouco activas socialmente, como é a nossa, o papel dessas organizações é absolutamente nuclear na defesa do ambiente natural e da coesão ecológica do território.
Aqui na cidade são inúmeros os problemas reais, graves e ainda não resolvidos, que nascem do eterno conflito entre o lucro do curto prazo e o desenvolvimento sustentado. Lembro-vos por exemplo, o problema permanente da falta de tratamento das águas residuais urbanas com que o concelho se depara, ano após ano, mandato após mandato; lembro-vos a total inacçao do poder autárquico na depoluicão das praias da Foz; lembro-vos a inexistência de qualquer tipo de controlo aos escapes das empresas de transportes colectivos que operam na cidade; lembro-vos a impunidade com que se fazem todos os dias descargas de efluentes líquidos industriais nos ribeiros entubados e nos colectores de águas pluviais da cidade; lembro-vos do autêntico atentado ao património arquitectónico da cidade, por parte de empresas imobiliárias q adquirem imóveis com centenas de anos e os deixam desmoronar para poderem construir caixas de habitação sem qualidade.


Todos estes problemas são actuais, graves e precisam da vossa ajuda para serem resolvidos e é por isso que fico perplexo quando vejo uma ONG como a vossa a desperdiçar recursos e energias, numa causa tão idiota como a que dá nome a esta missiva.
Os factos deste pseudo-problema são os seguintes:
Ponto 1- a construção subterrânea da estação do metro obriga a que existam escadas e elevadores de acesso. Pessoalmente estive contra a opção subterrânea mas foi a que prevaleceu.
Ponto 2- esses acessos têm de ser feitos nos passeios. Ninguém estaria concerteza à espera que se construíssem os acessos no meio da uma placa pedonal rodeada de trânsito automóvel.
Ponto 3- os passeios que existiam não tinham largura suficiente para os dotar dos acessos pelo que houve necessidade de os alargar, retirando 8 metros à placa central ajardinada que existia.
Ponto 4- a menos que vocês estejam a defender a construção de uma faixa de jardim com 2 metros de largura no centro da placa central, e ao longo de toda a avenida, não faz o mínimo sentido querer alterar o projecto.
Ponto 5- a opção de substituir o calcário pelo granito, parece portanto a única reivindicação que vos resta.

Como conclusão do que foi exposto, posso considerar que vocês são neste momento uma ONG que gasta o precioso tempo e recursos que dispõe, a defender as pedras de uma calçada! Ainda por cima numa cidade com tantos problemas verdadeiros por resolver.
Não compreendo a vossa posição.
Possivelmente se vocês existissem em 1916 a avenida não sequer existia porque, como sabem, aquele espaço era fisicamente dividido em 2 praças.
A vossa infeliz luta está, para já, a ser ganha, uma vez que conseguiram atrasar as obras e a prolongar o transtorno que o estaleiro causa a todos os portuenses. Também conseguiram que a actual equipa autárquica não possa inaugurar eleitoristicamente mais essa obra (seria esse o vosso obscuro desejo?).
De qualquer das maneiras, considero que vocês nesta ocasião não estão a cumprir a razão da vossa existência, foram provavelmente manipulados e estão a causar prejuízos à cidade e às populações a que supostamente devem a vossa existência.

Anónimo disse...

Concordo com o tunes. Não consigo compreender que se defenda um espaço tão descaracterizado como a Av. dos Aliados. Não basta a calçada para que a Av. seja agradável, mais importante do que as pedras que pisamos é o espaço que temos à nossa volta.A Av. tinha passeios de largura insuficiente, e uma placa central que para além de pequena ainda estava quase totalmente ocupada por canteiros (gosto muito de plantas, mas naqueles canteiros só via as redes que as protegiam das pombas). Sempre me pareceu mais uma plataforma para apanhar o autocarro. Acredito que depois das obras se possa passear à sombra das árvores que lá vão ser plantadas, num espaço largo que antes era relva e flores cobertas de redes e grades, num jardim cheio de placas de proibição, e que nem chegava a ser jardim! A cidade não precisa de ser decorada, deve antes oferecer condições para que nela se circule e se esteja. Com árvores sempre, pela importância óbvia que têm, e outras plantas sempre e só quando quando o que oferecem à vista não sacrifique o bem estar nos espaços da cidade. Sem querer atacar quem não concorda com isto, tenho dúvidas que tenham consciência do que o projecto prevê. Para além disso mostraram que não conhecem nem os arquitectos, nem as suas obras, porque não são eles os responsáveis pelos espaços inóspitos que se criaram com a porto 2001.
Esqueci-me de referir os terríveis candeeiros da Av. Acham mesmo que se deve manter aqueles focos enormes com ar de estádio de futebol?