13/07/2005

Lagerestroémias dos Jardins da Casa de Mateus

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Lagerstroemia spp. em flor - Casa de Mateus, Vila Real -Setembro 2003

A propósito de uma conversa que se vai desenrolando aqui, lembrei-me destes lindíssimos exemplares de lagerestroémias dos jardins da Casa de Mateus. Assim estavam esplendorosas ao sol nos canteiros bordados a buxo, sobre o fundo da notável sebe-túnel de Cupressus lusitanica.
No Porto já começaram a florir e assim se manterão até ao Outono.

Estas pequenas árvores têm qualidades ornamentais durante todo o ano e não apenas na época da floração de Julho a Setembro. No Inverno são particularmente interessantes a silhueta de ramos tortuosos, e as cores matizadas do tronco de superfície lisa, manchado de castanho, cinzento, rosa e cor de canela, devido a uma casca que, à semelhança do plátano, se fragmenta em placas.

Originária da China, já era cultivada na Coreia e na Índia antes de chegar à Europa em meados do século XVIII, graças ao botânico e coleccionador de plantas, o sueco M. Von Lagerström (1696-1759), Director da Companhia sueca das Índias orientais. Lineu ao baptizar o género de Lagerstroemiae homenageou este seu amigo que lhe enviava exemplares da flora da Índia. Daí a designação "indica" da espécie cultivada em Portugal para fins ornamentais, a Lagerstroemia indica, apesar de ser realmente proveniente da China.

Segundo um amigo (eng. silvicultor) que inquiri sobre o nome vulgar quando tirei estas fotografias há dois anos, em alguns catálogos a espécie aparece referida como "lagerestroémia", com o "aportuguesamento" do nome genérico latino (um processo aliás comum para designar espécies exóticas para as quais o nome vulgar não é ...vulgar), mas em certas publicações de divulgação vem referida como "flor-de-merenda" e "suspiros".
Num livro entretanto publicado, Portugal Botânico de A a Z (de Luís Mendonça de Carvalho & Francisca Fernandes), para além destas, aparece também a designação de "extremosa" e para a L. speciosa, "lagerestrémia", mas não "árvore-de-Júpiter" que parece ser uma denominação também corrente como o demonstra o facto de se encontrar em placas identificativas dos jardins (pelo menos em Guimarães -como nos lembrou MA , e em Leiria).

Outros nomes: à Lagerstroemia indica chamam os franceses "lilas des Indes" (nome por que também é conhecida nesse país a Melia azederach...), para além de "lilas d'été", "lagerose" e "fleur de mousseline". Esta última designação deve-se à forma ondulada das pétalas. O nome inglês de "crape myrtle" deriva não só deste aspecto frisado das inflorescências mas também do facto das folhas, de algum modo, se assemelharem às da murta.

7 comentários :

Ponto Verde disse...

Como então se amava a beleza, com que facilidade se cultiva agora o betão...

Carla Luís disse...

Lindíssimo!!
Eu tb quero ir aí!!! ;)

Anónimo disse...

Creio que a Lagerstroemia indica tem, ainda, outro nome: Árvore-de-Júpiter! Pelo menos segundo uma placa informativa num dos jardins de Guimarães. :-)

ManuelaDLRamos disse...

É verdade sim senhor.Pode aliás confirmar-se esse nome em ARBORIUM: atlas das árvores de leiria. Foi um lapso obrigada pela lembrança.Vou acrescentar ;-)

Unknown disse...

Que sítio lindo! Tenho mesmo de lá ir. Ainda por cima fazem lá excelentes cursos de música e concertos...

Associação Por Boassas disse...

Caríssima Manuela. Mais uma vez...obrigado! Finalmente consegui identificar a planta em causa. De facto pelo nome científico não ia lá...
Felizmente existe um blog chamado "Dias com árvores" e outro chamado "Sargaçal". Agradeço a ambos.
Manuel

ManuelaDLRamos disse...

;-) ;-)