25/10/2007

Tibães



Na cerca do Mosteiro de Tibães, havia menos água do que esperávamos encontrar. Tem chovido pouco, e as plantas da estação, que brotam só com o solo humedecido, ainda não receberam sinal para despertarem do sono. No escadório sombreado por oliveiras que sobe para a Capelinha de São Bento, e que é pontuado por uma sucessão de tanques ligados por uma conduta de granito, também não se vê gota de água. O Outono aqui é menos visível do que na cidade: carvalhos, castanheiros e áceres só levemente se tingem de amarelo, e são avaros em largar as folhas; só os azevinhos, com os seus cachos de frutos vermelhos, é que se julgam já chegados ao Natal.



Num pátio interior do mosteiro, há uma fonte octogonal encimada por uma taça musgosa de onde cai, por oito bicas, a água que na superfície do tanque desenha outros tantos padrões de círculos concêntricos. A plataforma quadrangular onde se situa a fonte, ajardinada de forma rigorosamente geométrica, fica separada das paredes em volta por passagens a cota mais baixa. Maciços de salvas (Salvia splendens) pintam de vermelho o bordo do quadrado; no seu interior, o branco da lobulária (Lobularia canariensis) contrasta com o cinzento rude da pedra. É um arranjo simplista mas apelativo, que combina com o carácter austero do mosteiro.

P.S. Veja mais fotos e informações sobre o Mosteiro de Tibães no desNorte.

2 comentários :

Anónimo disse...

Não sendo de Braga, vivo nesta cidade há já quase duas décadas. Confesso que a cidade não me encanta: cansa-me de tanto ruído do tráfego, tanta desolação (para dizer o mínimo)urbanística. Por isso, Tibães é um refúgio para mim e para a minha família. A sua Cerca, com um ar decadente e romântico, acompanha-me nos dias de sol de todas as estações e enche-me de paz. Precisamente, em Tibães há árvores, muitas e velhas árvores, que desconheço pelo nome mas reconheço como dádiva imerecida a esta cidade vaidosa das suas pedras. Tibães presenteia-nos ainda com excelentes concertos de música erudita, a que se assiste com a sensação de estar em casa.

Paulo Araújo disse...

Se procurar no arquivo do blogue, verá que praticamente só falamos de Braga a propósito do Bom Jesus ou de Tibães; a única excepção é este texto já antigo da Manuela. E isso não é um acaso: Braga desgosta-nos não só pelo seu crescimento desordenado (coisa que, no entanto, pode ser ignorada por quem só visite o núcleo antigo da cidade), mas também pelo modo como maltrata as suas árvores (e que é bem visível mesmo no centro).