10/04/2008

Camarinha em flor


Corema album

O aviso desta vez vem tarde, pois as fotos, tiradas na Reserva de São Jacinto, são de meados de Março, altura em que a floração das camarinhas já ia adiantada. Como essa fase é de curta duração, já deve ter sido por completo ultrapassada. As fotos são um pretexto para revelar que a camarinheira é dióica: há plantas que só dão flores masculinas, e outras que se encarregam das flores femininas. Só as plantas femininas produzem aquelas refrescantes bagas brancas que são os frutos. As inflorescências masculinas e femininas são semelhantes, surgindo ambas na extremidade dos galhos, mas observando-as de perto podemos distingui-las sem grande dificuldade. Na foto da direita, por exemplo, os estames encimados por anteras comprovam que se trata de uma planta masculina; como na planta da esquerda essas estruturas estão ausentes, concluímos que ela é feminina. Agora que estão apresentadas uma à outra, podem já combinar casamento, embora não tenham que jurar fidelidade mútua.

Apesar de ser comum em boa parte do litoral português, a camarinha tem uma distribuição global restrita, estando confinada à costa atlântica ocidental da Península Ibérica e às ilhas açorianas de São Miguel, Graciosa, São Jorge, Pico e Faial. Concluíu-se, porém, que a camarinha açoriana não é exactamente igual à do Continente, tendo por isso sido arrumada numa subespécie autónoma: Corema album subesp. azorica.

6 comentários :

Paulo disse...

Que sejam felizes, fieis ou não, e tenham muitas camarinhas.
Quando era pequeno também as costumava encontrar nas dunas entre a Nazaré e São Pedro de Moel.
Mal chegue o Verão hei-de matar saudades desse suco refrescante.

(Não fazia ideia que elas são primas da urze.)

Ponto Verde disse...

Belissimas imagens.

Anónimo disse...

... e foi também levada para as dunas da Landes, onde prospera e, apesar de exótica, é bem considerada.

Abraço

P. Faúlha

Maria Carvalho disse...

Paulo: A camarinha já foi de outra família, Empetraceae, e os livros mais antigos, ou os recentes mal actualizados, não registam o parentesco com a urze e as outras ericáceas.

Paulo disse...

Ah! Então é novidade. Obrigado pelos esclarecimentos.

Anónimo disse...

Também eu as costumava apanhar e comer entre a NAZARÉ e SÃO PEDRO DE MOEL.Como eu tenho aprendido neste blog!

traço