18/07/2009

Cana de outras índias


Canna limbata Roscoe [sin. Canna indica var. limbata Peters. / Canna patens (Roscoe) Tb. Tanaka]

Originária do continente americano, desde a Carolina do Sul ao norte da Argentina, a Canna é um género de plantas rizomatosas tropicais ou subtropicais, aparentadas com a bananeira, a estrelícia e a alpínia. Houve um tempo em que o género englobava quase cem espécies, mas, nas últimas décadas do século XX, esse número foi reduzido para cerca de vinte - não em resultado da extinção de espécies, mas por efeito de revisão taxionómica, que disciplinou a profusão de sinónimos. A planta na foto, vizinha no Jardim Botânico do Porto de um lago com nenúfares, é conhecida no Brasil, de onde é natural, como beri-silvestre ou bananeirinha. Canna limbata era a sua designação científica antes dessas convulsões na nomenclatura, mas o nome agora aceite é Canna patens.

No Brasil o beri-silvestre é uma planta de folhagem perene, mas em países mais frios passa anualmente por um período de dormência. Atinge um metro e vinte de altura, tem folhas brilhantes, e as flores, situadas nas extremidades das hastes erectas, surgem ao longo de vários meses na Primavera e no Verão - e são, ao que consta, atraentes para colibris, coisa que por cá não temos como comprovar.

Além das espécies silvestres, existem inúmeras variedades hortícolas de Canna adaptadas a climas temperados ou frios; chamadas popularmente canas-da-Índia, produzem vistosas flores vermelhas, amarelas ou alaranjadas. Em Portugal, onde os jardins são em regra pobres em cor e em variedade, essas plantas pouco se vêem, mas há uns anos era fácil encontrá-las no Porto. Antes das últimas obras de manutenção - as quais, apesar de terem tido aspectos muito positivos, alinharam pela cromofobia que tem prevalecido em jardins públicos -, as canas-da-Índia vermelhas, ladeando a sucessão de espelhos de água no jardim central, eram uma das imagens mais fortes do Parque de Serralves. Mas quem quiser ter um relance delas ainda as encontra, amarelas e vermelhas, na avenida de Sidónio Pais, à sombra de castanheiros-da-Índia que também não são da Índia, logo antes de o passeio para peões terminar abruptamente e a via se transformar em auto-estrada.

Adenda. Também há muitas canas-da-Índia vermelhas no Jardim do Passeio Alegre, à Foz.

3 comentários :

Lucia disse...

Diferenciamos o Beri ou Biri nativo do Brasil, pricipalmente por ter flor simples, enquanto a Cana da índia tem flor dobrada.

Por aqui também, ambos ‘passaram de moda’, embora sejam plantas herbaceas faceis de cuidar. Se a natureza tivesse moda também a biodiversidade estaria ainda mais a perigo...
Saudações.

Paulo Araújo disse...

Obrigado, Lúcia, pelo comentário. Aqui em Portugal cana-da-Índia é também o nome das plantas cultivadas, com flores grandes e dobradas (dessas não mostrei fotos). Essa plantas chamam-se da Índia pelo mesmo motivo que os britânicos ainda chamam West Indies às Caraíbas. Contudo, o género Canna é sem dúvida originário do continente americano.

Quanto ao beri-silvestre da foto, em Portugal só se vê mesmo nos jardins botânicos. Não passou de moda pois no caso dele nunca chegou a estar na moda. As canas-da-Índia, muito populares há uns anos, é que parece que já ninguém quer.

Filhotes disse...

Olá,

Eu tenho essa planta da foto em meu quintal e ela chega a mais de 2 metros de altura aqui...

Posso confirmar que colibris e cambacicas apreciam muito seu néctar pois são frequentadores assíduos.

Tenho várias fotos dessas aves se alimentando nas flores e se quisr posso enviar algumas.

[]´s
Ary