26/08/2009

A sombra que fica



Quercus robur L. - Paços de Ferreira

O concelho de Paços de Ferreira foi criado em 1836, resultante de uma cisão da comarca de Penafiel; em 1993, a até então vila foi promovida à categoria de cidade; em 1997, inauguraram-se os novos Paços do Concelho, ficando o anterior edifício camarário a servir de Museu Municipal. Anterior a estas datas marcantes, indiferente a todas elas, é o carvalho-alvarinho no Jardim Municipal, contíguo ao agora museu, que continua, como há cem ou duzentos anos, a fornecer sombra fresca a quem o procura nos tórridos dias de Verão. Distando o concelho apenas 25 quilómetros do Porto e da costa atlântica, o efeito temperador do oceano já lá não chega: os invernos são mais frios e os verões mais quentes do que à beira-mar.

Tirando as que existem no Jardim Municipal, onde, além deste carvalho, vegetam tílias, magnólias, lódãos e carvalhos-americanos, poucas são em Paços de Ferreira as sombras proporcionadas pelas árvores. À volta do centro, novos bairros com prédios de sete ou oito andares erguem-se nas colinas rasgadas por largas avenidas; mas não há o alívio de um jardim, e as árvores, em caldeiras minúsculas, são poucas e enfezadas. Apesar da impressão inóspita causada pela desproporção entre o verde e o betão, Paços de Ferreira parece orgulhar-se dessa cidade geométrica e recém-estreada: há restaurantes e bares da moda, assiste-se a um arremedo de vida nocturna.

De modo que, falando de árvores, o futuro em Paços de Ferreira confunde-se com o passado. Se este carvalho (classificado em 1940 e um dos primeiros no país a receber tal galardão) ainda cá estiver daqui a cinquenta anos, será dele ainda a única sombra que apetece em toda a cidade.

4 comentários :

sem-se-ver disse...

lembrei-me de vós para me ajudarem - se souberem e estiverem disponíveis para tanto - a identificar uma árvore, que o meu pai dizia que apelidavam de 'noiva do bosque': alta, esguia, com tronco prateado, e folhas prateadas num dos lados e verdes no outro.

têm ideia do que será? queria plantar uma e não sei como se chama...

Paulo Araújo disse...

Talvez seja um álamo (Populus alba), mas sem fotos é impossível ter a certeza.

sem-se-ver disse...

já sei! são bétulas :))

agora estou às aranhas porque descobri muitas espécies, não tenho a certeza qual seja a que pretendo...

aqui - http://darasola.blogs.sapo.pt/12231.html - pode ver-se qual é a espécie que eu pretendia(5ª foto a contar do fim vê-se bem).

pode ajudar-me?

Paulo Araújo disse...

A única espécie que é espontânea em Portugal é a Betula alba, conhecido como vidoeiro. Deve ser fácil comprá-la nalgum horto.