08/04/2010

Jacinto-da-tarde



Dipcadi serotinum (L.) Medik.

Give me some mud off a city crossing, some ochre out of a gravel pit and a little whitening and some coal dust and I will paint you a luminous picture if you give me time to gradate my mud and subdue my dust.
John Ruskin

Não é só a cor, mistura suave de laranja, castanho e bronze, que atrai nesta inflorescência de sininhos. A espiga de flores, de perfil, com 10 a 40 cm de altura, mostra como elas se dispõem viradas para um mesmo lado, inclinadas como se adivinhassem, com embaraço, que estamos a falar delas.

Trata-se de uma herbácea perene e bolbosa, frequente em terrenos incultos ou rochosos de montanha no sudoeste da Europa e no Norte de África mas que pode passar despercebida precisamente quando está em flor (Março-Junho), por causa da cor mate que adoptou e das suas três a cinco folhas basais estreitas. O que não a impediu de ser várias vezes descoberta e, com natural júbilo, nomeada: Hyacinthus fulvus Cav. (o latim fulvus aludindo ao moreno da flor), Uropetalum serotinum Ker Gawl. (do grego oura, a propósito das pontas reviradas das três pétalas exterioes) ou Hyacinthus serotinus L. (do latim serotìnu, referindo-se talvez ao amadurecimento serôdio do fruto). Julgámos que dipcadi seria aviso do pecado inato a planta tão virtuosa. Mas não. Segundo William T. Stearn, dipcadi é o nome turco deste jacinto (e não sul-africano como afirma o dicionário Houaiss).

As 55 espécies no género Dipcadi são originárias de África e do sul e oeste da Europa. D. serotinum é a única espécie ibérica.

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