Remédio caseiro
Prunella grandiflora (L.) Scholler
Embora não o possamos afirmar, é bem provável que esta Prunella grandiflora partilhe das virtudes medicinais da sua congénere P. vulgaris — a qual, sendo uma planta bem mais vulgar por toda a Europa, revelou tamanha versatilidade terapêutica que os ingleses lhe chamam heal-all ou selfheal. Tal como hoje há quem tome uma aspirina ao menor sinal de indisposição, também em tempos de antanho a P. vulgaris (em português consolda-menor ou erva-férrea) era consumida assiduamente em preparados e infusões. Enfim, uma panaceia que se obtinha sem a ajuda de intermediários, a custo zero e directamente da terra-mãe.
Afastados da natureza, deixámos de acreditar em remédios que não se vendam em farmácias. E pode de facto acontecer que a Prunella grandiflora (por que não chamar-lhe consolda-maior?) não seja um poço de virtudes. Por não querermos colocar a saúde de ninguém em risco, não recomendamos a colheita da planta para auto-medicação. Aliás, a generalidade das plantas que tem figurado no blogue existe não para ser colhida, mas apenas observada.
A consolda-maior, que em Portugal só aparece nas Beiras, no Minho e em Trás-os-Montes, é uma planta vivaz, esparsamente peluda, com um caule erecto de até 60 cm de altura. Floresce de Maio a Agosto em habitats variados mas com algum grau de humidade, como sejam prados ou bosques. A comprovar essa adaptação a ambientes diversos, encontrámo-la no Gerês, numa mata perto da Portela de Leonte, e também em Vagos, num local soalheiro não muito longe da costa.