Joio-do-trigo
Agrostemma githago L.
![](https://s5.postimg.cc/hz7on0y3r/Agrostemma-githago-02.jpg)
![](https://s5.postimg.cc/ycro66e93/Agrostemma-githago-03.jpg)
![](https://s5.postimg.cc/5luug48fb/Agrostemma-githago-04.jpg)
As searas ou os campos de milho que ainda encontramos pelo país têm em geral um período de repouso depois da colheita, pousio aconselhável para se recuperar a qualidade do solo. Nesse meio tempo, algumas herbáceas pouco exigentes aproveitam para se disseminar, garantindo alguma diversidade nas leiras durante o Verão. Porém, poucas sobrevivem ao combate que se segue. Para erradicarem plantas que consideram daninhas ou infestantes (e algumas são-no, podendo, como a da foto, estragar o sabor dos cereais se as suas sementes se misturam com eles em quantidades elevadas), os agricultores abusam de herbicidas, condenando igualmente a terra e os cursos de água. Com esse procedimento, chegou a vez de a cravina das searas, antes presença frequente em todas as províncias portuguesas, se tornar uma planta rara. Infelizmente, o seu futuro incerto não pode ser tido como uma vitória da agricultura.
O género Agrostemma (quase à letra, grinalda dos campos) é nativo da região mediterrânica e tem apenas mais uma espécie, a turca A. gracilis Boiss., usada como ornamental. A das fotos é planta anual, erecta e alta (atinge um metro de altura) mas pouco ramificada e de flores solitárias. Os caules e folhas são penugentos e têm um tom verde-acinzentado. As flores podem ser brancas, mas têm sempre cerca de cinco centímetros de diâmetro, longos cálices tubulares com dez «costelas» salientes e cinco lacínias foliáceas, além de cinco pétalas com forma de unha e mais curtas do que as sépalas, a rodear dez estames e cinco estiletes. O fruto é uma cápsula que se abre por cinco veios. (Esta preferência pelo número 5 é comum, talvez seja mera economia na adopção de formas que permitam, ainda assim, alguma simetria.)
3 comentários :
Olá
O género Agrostemma tem o seu solar no mediterrâneo oriental. Esta A. githago, muito provavelmente, é estrangeira; terá vindo pela mão do agricultor proto-histórico ou romano, distribuidores activos de plantas daninhas pela bacia mediterrânica. Hoje ameaçam-nos as Cortaderia, as Acacia e as Hakea. No passado, com a mesma sensação de impotência, assistiu-se à chegada de plantas diabólicas - da A. githago, da Centaurea cyanus ou do Chrysanthemum segetum, por exemplo -, com as técnicas agrícolas contemporâneas reduzidas a belíssimas flores-do-campo.
Obrigada pelo seu reparo. É interessante saber como chegaram cá algumas das plantas daninhas, e pertinente o alerta que nos deixa: embora algumas delas nos pareçam agora à beira de desaparecer, e nos inclinemos a lamentá-lo, elas podem ter sido, e voltar a ser, infestantes muito nocivas. O que o texto sublinha, contudo, é outro aspecto: este controle também é ruinoso porque, infelizmente, as técnicas agrícolas contemporâneas são demasiado agressivas e não distinguem exótico de autóctone.
Olá
Apenas duas vezes vi esta planta e apenas no interior onde,suponho,a agricultura ainda extensiva lhe dá tempo de germinação!Por cá,norte litoral ou noutras regiões não terá qualquer hipótese (leigo a falar!)
De facto,leigo que sou,municiado de uns livrecos generalistas,foi com satisfação que encontrando-a pela pela 1ª vez,em 2009,no trilho a caminho do Castro de Vilar de Galegos(Douro) a confrontei com o que via no guia de flora mediterrânica que carregava.A sensação de poder dizer 'É esta!' é imperdível e espero nunca a perder! Depois e apenas este ano a voltei a ver já em maior quantidade) exactamente na zona geográfica deste post.
Pode ser 'diabólica' mas é de um rosa belíssimo!
Abraços
Carlos M. Silva
Enviar um comentário