O sol nos Apeninos
Helianthemum apenninum (L.) Mill.
![](https://s5.postimg.cc/vl7xw6ysn/Helianthemum-apenninum-03.jpg)
![](https://s5.postimg.cc/r9jc76rvr/Helianthemum-apenninum-04.jpg)
Mesmo quem nada entenda de flores dificilmente confundirá este arbusto rasteiro com um girassol. No entanto, essas duas plantas tão díspares comungam uma preferência pelo astro-rei que se traduz nos nomes científicos Helianthus (para o girassol) e Helianthemum. Mais do que parecidas, estas duas palavras são sinónimas: ambas nos dizem que as flores das plantas em causa gostam de se virar para o sol. Essa preferência, no caso do Helianthemum, é denunciada pela primeira foto aí em cima, em que as flores surgem alinhadas com um aprumo quase militar. A única falha é que nem todas elas compareceram à parada: há muitas ainda fechadas nos seus botões. É que, como sucede com todas as cistáceas, cada flor, depois de aberta, dura poucas horas, e ao fim da tarde deixa já tombar as pétalas. Porque é preciso assegurar o expediente do dia seguinte, não podem abrir todas as flores de uma só vez.
Aquilo que distingue os vários géneros arbustivos da família Cistaceae (os mais importantes são Cistus, Halimium e Helianthemum, que entre si abarcam 25 espécies da flora portuguesa) são detalhes dos cálices e dos frutos difíceis de observar a olho nu. Há truques que facilitam a identificação: as espécies de flores cor-de-rosa só podem ser Cistus; as de flores amarelas são Halimium ou Helianthemum; os Halimium e os Cistus costumam ser bastante maiores do que os Helianthemum; os Helianthemum escasseiam na metade norte do país. Mas, além de padecer de limitações geográficas, o receituário deixa de fora as plantas de flor branca, que são as mais numerosas e podem pertencer a qualquer um dos três géneros.
O Helianthemum apenninum, que costuma vegetar em lugares pedregosos, é um arbusto muito ramificado com não mais que 30 cm de altura; as folhas têm até 2 cm de comprimento, e as flores (que podem ser amarelas ou, como nas fotos, brancas com centro amarelo) têm de 1,5 a 2 cm de diâmetro. Floresce durante um longo período, de Março a Agosto, e a sua distribuição no nosso país é descontínua e pontual: ocorre em Trás-os-Montes, na Estremadura (serras de Montejunto, Candeeeiros e Arrábida) e no Baixo Alentejo.
3 comentários :
Uma proposta: que tal uma série de posts para tótós?
Ou já foram feitos no dealbar deste blogue, antes de eu o começar a ler?
Ou, se não neste, num blogue totalmente vocacionado para nós, os ignorantes?
O blogue tem sido a nossa aprendizagem, e é difícil não partir do que já escrevemos, sob pena de nos estarmos sempre a repetir...
A alternativa é mostrarmos as plantas e falarmos de outros assuntos - exercício que, aliás, gostamos de praticar ocasionalmente.
Mas, enfaticamente, os nossos leitores não são tótós, mesmo que queiram passar por tal.
Paulo, eu sou, mas vou tentando aprender convosco :-)
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