Reino dos cabeçudos
Cheirolophus burchardii Susanna
![](https://i.postimg.cc/ydrgJ6GM/Cheirolophus-burchardii-02.jpg)
![](https://i.postimg.cc/s2sZqNSN/Cheirolophus-burchardii-03.jpg)
As plantas do género Cheirolophus, desprovidas de espinhos mas com grandes capítulos floridos que fazem lembrar os dos cardos, são nas Canárias conhecidas como cabezones, o que em português se traduz por cabeçudos. São muitos os cabeçudos nessas ilhas, que repartem entre si umas 20 espécies endémicas de Cheirolophus. O número varia conforme as fontes consultadas, já que a delimitação das espécies é controversa. Indiscutível é que o arquipélago alberga cerca de dois terços do total das espécies de um género que tem uma distrbuição global restrita, confinado que está às Canárias, à Madeira e a alguns países mediterrânicos (Portugal, Espanha, França, Itália, Argélia e Marrocos). Só em Tenerife são quatro (ou três, ou cinco) as espécies de Cheirolophus.
Como é próprio da sua índole, nem sempre um cabeçudo acata de boa vontade as instruções que lhe são dadas. Se se conformasse à doutrina dos manuais, o Cheirolophus burchardii que mostramos nas fotos só deveria florir entre Abril e Julho, mas quando o vimos, no final de Dezembro, apresentava numerosos capítulos frutificados, sinal de que a floração se tinha prolongado muito para lá da data prevista. Mesmo na berma da estrada, exibia, com vegetal inconsciência e um atraso de muitos meses, as últimas flores da temporada.
Para complementar as fotos, diga-se que o Cheirolophus burchardii é um arbusto capaz de alcançar 1,5 m de altura (embora o das fotos tivesse dimensões mais incipientes) e que os capítulos têm de 2,5 a 3 cm de diâmetro. Distingue-se de outros cabeçudos tenerifenhos pelas folhas inteiras e pelo formato das brácteas involucrais. Observá-lo não requer olho treinado nem grandes proezas atléticas: basta escolher uma altura em que a estrada do Teno, no extremo noroeste da ilha, esteja vedada ao trânsito automóvel (e ao fim-de-semana só não o está ao fim da tarde), e percorrê-la a pé com o vagar que ela merece. Precauções? Quem tiver medo do escuro deve munir-se de lanterna, já que os túneis que a estrada atravessa não são iluminados.
Sem comentários :
Enviar um comentário