Da festa da árvore ao dia da floresta autóctone
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O testamento singular aqui publicado levou-me a procurar um volume da "Ilustração Portuguesa" de 1914 onde se encontram diversas reportagens fotográficas sobre as chamadas Festas da Árvore, das quais se reproduzem parcialmente duas.
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A surpresa que estes textos poderão causar, por revelarem um inesperado culto da árvore que parecia então varrer o país do Norte a Sul, ficará dissipada com a leitura do interessante artigo "Árvores, Florestas e Homens" do engenheiro José Neiva Vieira, publicado em 2000 no Naturlink e cuja versão em papel se intitulada "Da festa da árvore ao dia mundial da floresta" (DGF)
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A surpresa que estes textos poderão causar, por revelarem um inesperado culto da árvore que parecia então varrer o país do Norte a Sul, ficará dissipada com a leitura do interessante artigo "Árvores, Florestas e Homens" do engenheiro José Neiva Vieira, publicado em 2000 no Naturlink e cuja versão em papel se intitulada "Da festa da árvore ao dia mundial da floresta" (DGF)
Com efeito estas comemorações já quase centenárias da Festa da Árvore realizaram-se entre 1907 e 1917, tendo o Jornal "O Século Agrícola" (secundado pela "Ilustração Portuguesa" e outros periódicos) lançado, a partir dos anos 1912, uma verdadeira campanha de propaganda a seu favor.
Como explica José Neiva Vieira: «A implantação da República em 1910 criou um quadro político propício às grandes campanhas cívicas e de esclarecimento dos cidadãos, como é tradicional, quando há mudanças drásticas de regime. E a Festa da Árvore enquadrava-se nesse espírito. Daí o grande entusiasmo dos vultos republicanos à volta destas iniciativas mas também a reserva, se não hostilidade, de forças conservadoras que viam nestas comemorações uma forma hábil de penetração dos novos ideários em meios, nomeadamente rurais, onde não tinham tradicional implantação.»
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Fotos reproduzidas da "Ilustração Portuguesa", 1914
Não nos restam agora dúvidas quanto aos possíveis ideários do simpático autor do testamento, que previa, na sua vila, a construção de duas escolinhas, ambas com «um jardim com árvores, para as crianças estudarem de Verão à sombra» e «salas com muito ar e muita luz», cujas paredes deveriam ostentar um conjunto de máximas verdadeiramente notáveis que apetece ler e saborear, vezes sem conta: «(...) As árvores não se destroem, porque as árvores produzem frutos para comer, produzem sombra para nos abrigar dos raios solares, produzem lenha para nos aquecer e para os usos domésticos, e purificam o ar que respiramos... » (cont. aqui).
A razão de ser do título prende-se evidentemente com o facto de se comemorar hoje o Dia da Floresta Autóctone, data que, segundo muita gente entendida (ver por ex. Quercus), deveria substituir em protagonismo o Dia Mundial da Floresta, celebrado numa altura pouco propícia, no nosso país, às plantações de árvores.
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(Actualização: 27/11/04 - Ecos da discórdia )
1 comentário :
Gostei imenso desta posta. Aliás tenho vindo ao Dias Com Árvores com alguma frequência e tenho gostado do que tenho visto e lido. Um abraço. OLima - ondas.blogs.sapo.pt
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