03/04/2008

Jardim natural



Quem foi o talentoso jardineiro que combinou as cores neste canteiro verdejante à beira-Tâmega? Um rumor contínuo deixa adivinhar o rio próximo para lá da cortina de choupos; mas, ao compor este mixed-border, o mesmo jardineiro preocupou-se em escolher plantas rasteiras, que não nos roubassem a vista tonificante das águas. Sobre um fundo verde de matizes e volumes variados, temos em primeiro plano o lilás do Lamium maculatum, a que se seguem o azul brilhante dos olhos-de-gato (Pentaglottis sempervirens) e, para rematar, o amarelo doce da erva-andorinha (Chelidonium majus). Embora mais discretas, outras plantas há tão indispensáveis ao conjunto como o sal à comida: gerânios, silenes, estelárias (Stellaria media), quaresmas (Saxifraga granulata), fumárias, ...

Os mais pragmáticos sustentarão que não houve aqui mão de nenhum jardineiro; outros, inclinados ao Céu ou à Terra, dirão que foram Deus ou a Mãe Natureza que, por artes mais ou menos divinas, aqui criaram o perfeito jardim silvestre. Mas todos estaremos de acordo nisto: estes jardins espontâneos, formados por plantas que ninguém semeou, são uma dádiva preciosa e frágil que ainda não aprendemos a merecer.

4 comentários :

Paulo disse...

O jardineiro tem uma paleta de cores magnífica. Como é que ele consegue esse azul?

Paulo Araújo disse...

Há várias plantas que são parecidas com os miosótis na forma e na cor das flores, mas são de facto outra coisa (embora pertençam à mesma família). Uma delas é a Pentaglottis sempervirens, que dá o azul das fotos e é muito frequente no norte do país. Mas qualquer dia explicamos melhor este e outros azuis.

Paulo disse...

Ficaremos gratos. A vossa colecção de azuis é única no mercado.

Anónimo disse...

A natureza sempre nos espanta, os seus piores momentos aos nossos olhos, são maravilhosos e belos.

O meu quintal surpreendeu-me com as cores que desejo partilhar.
Obrigado pelos vossos posts didáticos e belos. Visito com gosto.
Um abraço
Carlos Rebola