Folhado florido
Viburnum tinus L.
Quando a Primavera se nos apresenta com o seu cabaz de muitas e sortidas flores, seria ingratidão esquecermos aquelas plantas que nos fornecem regalo à vista no tempo das flores magras. E o folhado (Viburnum tinus), além de iniciar a sua lida floral ainda em pleno Inverno, prolongando-a até Abril, faz-nos companhia tanto nas cidades como em muitos dos nossos espaços naturais. Trata-se de um dos poucos arbustos da nossa flora espontânea que entraram no comércio hortícola e têm lugar de honra em jardins públicos e privados. As fotos reflectem essa dualidade: a primeira foi captada na Mata da Margaraça (concelho de Arganil), a segunda no Parque de Serralves. Ou um tête-à-tête entre uma planta da cidade e uma planta do campo, sem que nenhuma se sinta diminuída face à outra.
Originário da Europa mediterrânica e do norte de África, o folhado prefere bosques perenifólios ou galerias ribeirinhas. Em Portugal, e apesar de ocorrer também no vale do Douro, é mais comum da Beira Litoral para sul, parecendo estar ausente na faixa mais oriental do território. Na Margaraça encontramo-lo associado a azereiros, medronheiros e loureiros; no Pinhal do Rei, na Marinha Grande, é parte do coberto arbustivo do pinhal manso.
É um arbusto perenifólio, de folhas grandes (até 10 cm), verde-escuras e opostas, que pode atingir os seis metros de altura mas em geral se fica por bem menos. As flores, com cinco pétalas brancas ou rosadas fundidas na base, vêm dispostas em agrupamentos achatados (chamados corimbos) com cerca de 10 cm de diâmetro. Os frutos são drupas pretas ou azuis-escuras, pequeninas, cada uma delas contendo uma única semente. E são os pássaros que, devorando a polpa dos frutos por a acharem deliciosa (opinião não necessariamente partilhada pelos humanos), se encarregam de espalhar as sementes.