Parque de Avioso
Sobreiro e (à direita) giesta (Cytisus striatus), urze (Erica sp.), arroz-dos-muros (Sedum brevifolium)
Foi em Agosto de 2005 que a Câmara da Maia promoveu, antes mesmo da inauguração oficial, uma série de visitas guiadas ao novo Parque de Avioso, um espaço de 30 hectares a norte do concelho, já na fronteira com a Trofa. Apesar de os trabalhos de arranjo paisagístico não estarem então totalmente concluídos (ainda não o estão dois anos depois), o que pudemos ver era promissor: caminhos cheios de curvas e desníveis criando perspectivas variadas; pequenas matas de sobreiros e carvalhos; um vale fresco, convidativo ao descanso, sulcado por um riacho; um recreio para crianças no abrigo do arvoredo. Tudo planeado e executado pela própria Câmara, que optou muito sensatamente por não recorrer aos arquitectos da moda.
A Câmara aproveitou as árvores existentes (carvalhos e sobreiros, com uma envolvente de pinheiros e eucaliptos), plantou muitos novos carvalhos (Quercus robur), e procedeu a uma sementeira de bolotas que se saldou por um previsível fiasco. Além do terreno inóspito em que foram semeadas e da seca que então afligia o país, as plantas que porventura germinassem ainda teriam que sobreviver ao pisoteio dos utentes do parque. Houve ingenuidade nessa apressada tentativa de criar um carvalhal, pois a natureza não se regenera de um dia para o outro, e muito menos o faz num espaço de lazer que se quer muito frequentado. É um caso em que a natureza precisa de ser ajudada: há que plantar árvores de porte já razoável (faltam ainda muitas árvores no Parque de Avioso), abrindo covas amplas que se encham com boa terra vegetal. E não se plantem só carvalhos: os azevinhos, medronheiros, cerejeiras, castanheiros, azereiros, teixos e tantas outras árvores e arbustos da nossa flora nunca lá hão-de aparecer espontaneamente.
Enquanto não chegam as árvores, é a vegetação espontânea dos nossos montes que vai dando uma cor primaveril ao Parque de Avioso: urze, giesta, tojo, sargaço e um sem-número de minúsculas herbáceas. Tudo isto vai secar ou desbotar no Verão, e à falta de cor há-de juntar-se a falta de sombra numa grande porção do parque. E não ajuda a compor o conjunto que o «edifício de acolhimento», onde deveriam funcionar uns comes-e-bebes e uma esplanada, esteja ainda desocupado.