Juniperus- Zimbro
Juniperus sp. fotografado no Concelho de Sabrosa > - Rio Douro ao fundo- Agosto de 2006
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«O género Juniperus compreende cerca de cinquenta espécies de arbustos ou mais raramente pequenas árvores de folha persistente habitando todas o hemisfério Norte. (...) Distinguem-se facilmente das outras Coníferas pelos seus frutos, que são pequenos cones constituídos por escamas carnudas e unidas entre elas , formando pequenas bolas, os gálbulos, maduros somente no segundo ano, ficando então com o aspecto de bagas de um negro azulado - as "baies de genièvre" do zimbro comum. A maior parte das espécies são dióicas: existem portanto pés masculinos e pés femininos.
As folhas são também muito singulares. São as únicas Coníferas que, adultas, têm ora folhas aciculares (agulhas), ora escamiformes (escamas), ora ambas simultaneamente, enquanto que a sua folhagem juvenil é exclusivamente acicular. Estas agulhas são quase sempre verdes na sua face inferior mas apresentam na face superior, 1 ou 2 bandas de estomas de um branco aveludado, o que confere de longe uma aparência cinzenta ou azulada. (...)
As plantas deste género são utilizadas com os mais diversos fins desde a antiguidade. Os frutos do Juniperus comunis é usado como condimento e para o fabrico de álcool; da madeira do Juniperus oxycedrus extrai-se óleo de cade; (...)» traduzido de Larousse des Arbres et des arbustes de Jacques Brosse.
3 comentários :
Textos de Ana Fragoso saídos no Público
População indiferente a corte maciço de zimbros
16.04.2007, Ana Fragoso
Vários proprietários de aldeias mirandesas estão a vender a três cêntimos o quilo uma espécie que só é protegida do lado espanhol
"O que os do parque querem é monte." Com esta expressão um habitante da aldeia de Cércio, em Miranda do Douro, classificou a proibição, por parte do Parque Natural do Douro Internacional (PNDI), do corte maciço de centenas de zimbros-bravos. Esta árvore, abundante na zona, não é alvo de nenhuma protecção especial, nem é necessário pedir autorização ao PNDI para poder cortá-la. Com este conhecimento, vários proprietários daquela localidade não hesitaram em vender, por apenas três cêntimos o quilo, as árvores que possuíam.
"O espanhol (comerciante) que as comprou leva tudo, desde a raiz até à rama", explicou ao PÚBLICO o representante na aldeia da junta de freguesia, Daniel Domingos. O problema é que o corte indiscriminado dos zimbros pode pôr em causa outros habitats e foi com este argumento que os responsáveis do PNDI travaram, na passada quinta-feira, a devastação. "O PNDI devia explicar isso às pessoas, como fez em relação à azinheira, que é protegida. Devia, ainda que mais não fosse, enviar um ofício à junta para alertar a população", argumentou o autarca.
Em Espanha os zimbros estão protegidos por lei e a espécie tem um elevado valor comercial. Da madeira, para além da utilização em mobiliário, pode-se extrair óleo de cadre, utilizado na cosmética e na indústria farmacêutica. Uma árvore de médio porte, paga aos proprietários portugueses a pouco mais de cinco euros, pode valer entre 80 a 100 euros em Espanha. "A população também desconhece esse facto", acrescentou Daniel Domingos. O autarca diz que os zimbros crescem com facilidade e localmente não se lhe atribui grande valor, "porque para o lume não serve e as árvores que dão boa madeira precisam de muitos anos de crescimento".
Silêncio em Cércio
Pela polémica que o assunto deu ou, talvez, por se sentirem enganados, os proprietários que venderam as árvores recusaram-se a falar ao PÚBLICO. Aliás, o assunto quase parece tabu, na aldeia - as pessoas dizem nada saber do negócio do espanhol e muito menos das indicações do Parque Natural do Douro Internacional, visto como "um entrave" na obtenção de receitas por parte dos residentes.
Maria Fernandes, uma outra habitante de Cércio, sai em defesa dos vizinhos argumentando que "cada um vendeu o que era seu". Ninguém sabia de qualquer proibição, continuando até agora sem compreender a razão "de tanto alarido", disse.
Victor Baptista, director do parque, admite que a matéria pode gerar alguma confusão "pelo facto de não se tratar de uma árvore protegida". Este responsável admite que a comercialização da espécie, dado o valor comercial que lhe é atribuído em Espanha, pode ser pensada "e até se pode avançar com projectos de florestação, desde que devidamente organizados, para não pôr em causa outros valores ambientais", adiantou.
O autarca Daniel Domingos acrescenta que nem é preciso avançar com projectos de florestação, "estas árvores nascem e crescem sozinhas, basta deixar de lavrar as terras", explicou, defendendo projectos de "limpeza que ajudem as árvores a crescer mais depressa e que evitem que em simultâneo cresça mato", rematou.
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Comerciante espanhol devastou centenas de zimbros no Parque Natural do Douro
13.04.2007, Ana Fragoso
Espécie não é protegida
em Portugal, ao contrário do que acontece no país vizinho, onde tem elevado valor comercial
Um comerciante de madeiras espanhol abateu nos últimos dias e de forma maciça algumas centenas de zimbros bravos, dentro da área do Parque Natural do Douro Internacional (PNDI), na área das freguesias de Cércio e Freixiosa, concelho de Miranda do Douro. O corte desta espécie não é proibido, "nem sequer necessita de autorização do parque natural", explicou o director desta área protegida, Victor Baptista. Mas neste caso, por se tratar de uma devastação maciça, preocupou o parque. "Não vamos permitir que estes cortes continuem", referiu ontem à tarde aquele responsável, depois de ter procurado uma saída legal para impedir aquela acção. "Se com carácter individual o corte não prejudica a espécie em si [os zimbros], quando se massifica essa devastação estão em causa outros habitats protegidos por directivas comunitárias", argumentou. Com base neste fundamento os técnicos do parque, em conjunto com a Brigada Verde da GNR de Miranda do Douro, levantaram ontem um auto de notícia ao comerciante espanhol para parar com os cortes e evitaram que fizesse mais carregamentos. "Se não obedecer, existem na lei outros mecanismos de actuação, nomeadamente a aplicação de coimas e contra-ordenações", acrescentou.
Esta árvore, da família das resinosas, está protegida em Espanha e tem naquele país um elevado valor comercial. O seu nome científico é Juniperus oxycedrus, possui uma madeira particularmente resistente e bastante aromática. Por destilação da madeira consegue-se extrair óleo de cade, usado na indústria cosmética. Em Espanha o metro cúbico de zimbro pode custar 600 euros, o que significa que uma árvore de porte médio pode valer entre 80 a 100 euros. "As árvores abatidas no PNDI foram pagas, a 5 e 10 euros por unidade", revelou Miguel Nóvoa, da associação Aldea, que desde a primeira hora alertou para esta situação.
As árvores que ontem o comerciante conseguiu transportar acabaram por ser apreendidas em Espanha. "O comerciante não tinha nem facturas nem guias de transporte, as autoridades portuguesas avisaram a Guardia Civil de Zamora, que interceptou os carregamentos", revelou fonte ligada ao processo.
Apreciei particularmente a parte final do comentário.
Com que então o "chico esperto" espanhol andava a fazer a negociata pela calada?
É lamentável, muito lamentável, que os Planos de Ordenamento Florestal só agora estejam a ser publicados, pelo menos numa versão actualizada.
E as populações, quem as sensibiliza para que consigam distinguir o que é receita do investimento ou, pura e simplesmente, delapidação do próprio património?
António
Abate de "Niebros"
pesquisa google- imagens zimbro
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