Primavera oriental
Tenho um vizinho que, gostando embora de plantas e cultivando uma variedade razoável delas no seu minúsculo jardim, revela alguma dificuldade com os nomes científicos. Como não gosta de fazer má figura, recorre amiúde a uma ou duas muletas de efeito assegurado. Uma delas é socorrer-se do epíteto japonica. São tantas as plantas que legitimamente ostentam esse nome que o erro, a existir, não será grave: se aquela não é japonica, outra haverá da mesma família que já o é, e a diferença entre as duas não será de grande monta. Foi assim que a magnólia-sempre-verde do jardim do meu prédio passou a ser uma Magnolia japonica — ela que, originária do sudeste dos EUA, sempre foi tratada como Magnolia grandiflora por causa das suas grandes flores. Mas não se ofendeu nada com a troca, até porque tem muitas primas japonesas.
Também as prímulas ou primaveras europeias (de que já mostrámos dois exemplos) têm família no país dos samurais. E nada melhor, para comprovar a asserção, do que trazer aqui a Primula japonica. Como país do hemisfério norte situado aproximadamente à mesma latitude que o nosso, as estações do ano, no Japão, são comparáveis às que aqui temos, e ocorrem na mesma altura. Contudo, lá a floração das primaveras (falo da flor, não da estação) é mais tardia, prolongando-se até ao Verão.
A P. japonica distingue-se da P. veris por ter as inflorescências organizadas em patamares: em cada andar — pode haver até seis — as flores dispõem-se em círculo, formando uma espécie de grinalda. Flores que podem ser brancas, ou assumir vários tom intermédios entre o branco e vermelho carregado. Nos dois extremos da escala cromática há cultivares registados no mercado europeu de jardinagem: «Miller's crimson» e «Postford white».
1 comentário :
Que maravilha de blog! Lindas, muito belas as fotos! Beijos.
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