Abelhinhas amarelas
O trabalho de um evolucionista, como o dos historiadores e arqueólogos, pauta-se pela incerteza: tem de classificar organismos que desapareceram, ou ainda vivos mas que não pararam de evoluir e a cuja génese não assistiu. Além disso, aos que mal percebem o mosaico de afinidades ou de isolamento reprodutivo entre organismos, e não dominam os processos de diversificação genética e de especiação, parece que a taxonomia, com níveis tão subtis de diferenciação, é uma etiquetagem de conveniência imposta pelos cientistas à natureza. Contudo, todas as espécies têm um antepassado mais simples com uma evolução que, ainda que parcialmente desconhecida, determinou o presente e pode apoiar um estudo historicamente informado.
Até 2005, acreditou-se que as orquídeas tinham uma presença recente na Terra, começando talvez por colonizar a Malásia há uns 2 milhões de anos — muito pouco tendo em conta os 300 milhões de anos das coníferas. Mas os biólogos admitiam como improvável que uma adaptação tão astuta a uma tão grande variedade de habitats e de polinizadores (só não há orquídeas nos desertos e nos pólos; e a família Orchidaceae é a mais numerosa na Terra, com cerca de 25 mil espécies e mais de 100 mil cultivares) pudesse cumprir-se em tão curto lapso temporal.
O fóssil com 15-20 milhões anos de uma abelha (extinta, Proplebeia dominicana) com o dorso coberto de grãos de pólen de uma orquídea (igualmente extinta, Meliorchis caribea), descoberto na República Dominicana, confirmou esta suspeita. E em 2007, cientistas da Universidade de Harvard propuseram, a partir de informação genética desta planta, outra data para a primeira flor de orquídea: 84 milhões de anos, o que significa que as orquídeas afinal conviveram com os dinossauros.
5 comentários :
Em Sintra havia amarelas(em menor número) e cor-de-rosa, a que chamavamos "fradinhos".
Há muito tempo que não encontro nenhuma...
Gostei de ver!
Luz
As orquídeas têm muito que contar :-)
Um país que deve ser lindíssimo na época certa é o Hawaii, onde parece que as variedades são quase inumeráveis.
Ainda há pouco tempo vi algumas num passeio que fiz no campo.
Estas são as chamadas 'Erva-Vespa'!
No próximo número da revista MUNDO DAS PLANTAS E JARDINAGEM escrevi um artigo sobre algumas das nossas Orquídeas!
http://musgoverde.blogspot.com
muito interessante! e as abelhinhas são lindas!
Pois é, a bráctea que protege as polinias parece um capuz de frade. A Maria da Luz não mora longe da Arrábida, e lá há tantas e tão bonitas...
Não se conhecem mais de umas poucas dezenas de orquídeas silvestres portuguesas, algumas só em habitats muito restritos, como o Algarve. Andamos fascinados por elas, Gi; fará o favor de nos desculpar estas re-re-visitas ao assunto, sim?
greenman: Leremos, claro, obrigada pela lição. E já viu algum pé de Gymnadenia conopsea?
Lúcia: Lindas e não mordem.
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