Para sentir seu leve peso
Guardava o rouxinol numa caixinha. Tudo o que queria era andar com o rouxinol
empoleirado no dedo. Mas, se abrisse a caixinha, ah! certamente fugiria. Então amorosamente cortou o dedo. E, através de uma mínima fresta, o enfiou na
caixinha.Marina Colasanti, Um espelho de Marfim e Outras Histórias (Figueirinhas, 2004)
2 comentários :
Muito parecida com os "Fradinhos" que cresciam nos campos semeados de rochas calcárias dos arredores de Sintra, e que já não tenho o privilégio de encontrar há muitos anos.
Obrigado também pelo maravilhoso texto. Faz alargar a alma.
Bom fim de semana
Luz
Fez-me lembrar os chineses??? que passeiam os seus pássaros.
(tive um canário que andava no meu ombro! e vinha aos saltinhos - era velho, já pouco voava - por um corredor fora quando eu o chamava "Pataniscas" ... e eu recordo-o com o sentimento do seu leve peso no dedo; e na cabeça, quando aos domingos me vinha acordar bicando-me o cabelo).
Palavras em argola infindável.
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