15/02/2005

Obituário

Está difícil a vida das tílias no Porto: desde que em meados de 2004 caiu uma na Praça da República, levando um vereador da Câmara a acusar outro de negligência, o abate de tílias na cidade atingiu níveis de massacre. Na Praça da República, quase todas as de grande porte foram já cortadas; da rua Dr. José de Figueiredo (bairro do Campo Alegre) desapareceram outras duas; e também as do largo da Lapa não escaparam à limpeza. A campanha prossegue agora na rua D. Manuel II, com o corte das tílias monumentais frente ao Palácio de Cristal.

Haverá por certo motivos de segurança, baseados em diagnósticos que não temos competência para discutir, a determinar tais abates. Mas seja-nos permitido estranhar que tantas árvores adoeçam irremediavelmente em tão poucos meses. Foram atingidas por alguma epidemia de que não temos notícia? Se o não foram, este massacre revela um preocupante excesso de zelo. Porque, bem vistas as coisas, o único modo de garantir que as árvores não caem é cortá-las todas: não há nada mais seguro do que um deserto.

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