25/12/2004

O Natal na Sala e na Cozinha


Fotos: pva 0412 Porto - caneleira (Cinnamomum zeylanicum)

Para este postal estava reservado um tema que, visto do ângulo apropriado, era irrepreensivelmente natalício. Fazia um paralelo entre a flora exótica e a fauna também exótica: a flora exótica era representada pelo eucalipto que, vindo da Austrália, por cá se instalou de forma tão avassaladora; a fauna pelo Pai Natal, que de tal modo se multiplicou em Portugal (e em especial no Porto) que acabou por extravasar dos centros comerciais para desfiles de rua.

Mas, embora um tal tema fosse natalício, talvez o seu espírito fugisse à tolerância e bonomia próprias da Quadra. Daí que resolvêssemos pôr de lado a analogia entre o eucalipto e o Pai Natal (que só mencionámos para que, se alguém desenvolver o tema antes de nós, fique registada a nossa prioridade) e tenhamos optado por assunto menos controverso.

Preocupou-nos, em textos e imagens anteriores, sobretudo a face exterior do Natal: as suas cores, os seus enfeites. Ora, é sabido que o Natal não é só isso: além das luzes a piscar e da troca de prendas, há também o que se come. A festa vistosa não nos deve fazer esquecer todo o trabalho de preparação que a sustenta; a sala colorida de luzes, com a lareira a crepitar e a mesa farta de iguarias, não poderia existir sem a cozinha. Por isso, tendo aqui falado de árvores de Natal, que se limitam a exibir-se à nossa admiração, seria imperdoável esquecermos as árvores que na cozinha dão o corpo ao manifesto.

Imaginem como seria insípido e inodoro um Natal sem canela. É pois de inteira justiça o destaque que hoje aqui lhe damos, com uma foto de corpo inteiro de um jovem exemplar de caneleira (Cinnamomum zeylanicum) e um grande plano da sua folhagem luzidia, de tom verde-limão. Embora as folhas, quando esmagadas, libertem o inconfundível cheiro a canela, não é delas que se extrai esse condimento, mas sim da casca da árvore.

5 comentários :

Anónimo disse...

Sempre ideias belíssimas e originais. Este modo de falar do Natal é mais uma. Obrigada pela partilha.
Alguém

Anónimo disse...


Obrigada, M., por teres conduzido a este espaço de informação e aprendizagem quem cultiva a curiosidade por todo o tipo de flora.
Estão de parabéns os autores pelo espaço e por este post em particular: pela escrita e pela informação, pois desconhecia o aspecto da árvore donde se extrai um produto insubstituível na cozinha e na quadra que vivemos.
Bom Natal 2012!
Jawaa

Anónimo disse...

Fui visitá-la aqui há anos. Cheirá-la, pegar numa folha do chão, delícia de especiarias e sabores de infância Tal como vos visitei em 2004/2005??? e nunca mais (vos) esqueci: o perfume e o "pequeno"saber, do chão à altura da copa da árvore.
Sei mais? não sei se sei. Mas foram muitas vezes vocês a companhia verde no betão, tal como olhei a encosta de Hampstead ou a encosta do metro, na Trindade. Igual, o gosto de ver.
Bem hajam, tenham festas, anos, tempos, verdes e alegres, Maria e Paulo.
da bettips

Paulo Araújo disse...

Obrigado por vir visitar-nos a este canto, Bettips. (Um canto meio escondido, mas a festa é igual, mesmo com oito anos de atraso.)

bea disse...

O Natal para mim são mais os cheiros cruzados da cozinha que o momento de transição para a sala.

E, pelos vistos, muitos natais. que de 2004 a 2012 vão 8...