Escrito no muro
«Lembro-me, eram todos muito jovens, eu já o não era tanto, mas isso não impedia que, no branco extenuado dos mesmos muros, as minhas palavras encontrassem nas mãos dos meus amigos o natural contraponto, nesse desejo insensato de fazermos do olhar um bem comum.
Naquela primavera, entre lúcida e ácida, tínhamos na noite o rio onde mergulhávamos inteiros, e as árvores que alguns de nós, com amorosa paciência, haviam pintado nas paredes iam-se enchendo de pássaros.»
Eugénio de Andrade, Memória doutro rio (1978)
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