16/09/2006

Tagetes patula



O nome científico desta herbácea mexicana da família Compositae, de caule curto e folhagem recortada e muito espalhada (patula), é uma homenagem à divindade etrusca Tages, deus da sabedoria que doou ao povo da Etrúria (actual Toscana) o poder de bem cultivar a terra.

Mas no México, onde a cor da morte é o amarelo e não o preto, ela é a flor-do-morto, participante involuntária dos rituais de sacrifício ao deus Sol durante o império asteca. Um preparado sedativo de tagetes, perfumado e levemente alucinogéneo, tornava dóceis as vítimas, enquanto pétalas eram queimadas criando nos templos um nevoeiro inebriante, adocicado como anis. Ali a deusa das flores e do riso era decorada com cascatas de tagetes mas também com cascavéis, símbolo da omnipresença da morte. Com o tempo, esta herança mórbida transformou-se num dever: a tagetes, que no México floresce em Novembro, é guardiã dos altares dedicados aos defuntos e, no primeiro dia deste mês, guia as almas com a sua cor dourada e o aroma intenso.

Entre nós, a tagetes é usada como ornamento em bordaduras de terra bem drenada, como pesticida e repelente natural de pulgões, ácaros e algumas lagartas, e o seu chá é anti-espasmódico, anti-reumático e antitússico. E é um poderoso corante: como suplemento alimentar de aves faz as gemas de ovo nascerem mais amarelinhas.

8 comentários :

V disse...

Um acaso encontrei esse recanto,
simplismente lindo e muita informação.
Voltarei se me permites.

Anónimo disse...

Em casa dos meus avos sempre lhe chamavam Cravo-da -India... Ja agora gostava de saber que outros nomes lhe dão cá em Portugal.

Maria Carvalho disse...

(Essa Índia é o território das Antilhas, as West Indies). Em Portugal Botânico de A a Z, a Tagetes patula é o craveiro-de-Tunes, a T. erecta - de flores sem a tonalidade avermelhada - o craveiro-de-defunto; em Plantas ornamentais do Brasil, ambas as espécies são designadas por esta última expressão. Mas aí também se chamam cravo-francês e cravo-africano, respectivamente.

Anónimo disse...

Gente: aqui no Rio de Janeiro, uma palmeira originária do Sri Lanka e da Índia, a Corypha umbraculífera, está a florescer, fenómeno que ocorre uma única vez na vida da planta, e que demora de 40 a 60 anos a surgir. Li no JB (http://ee.jornaldobrasil.com.br/reader/default.asp?ed=285&ca=33&num=1) Jornal do Brasil, versão on line, e lamento não saber como fazer o link para que todos possam ver. Se tiverem paciencia, por favor tentem cadastrar-se e ver.
Diz a notícia que a folhagem aberta em leque se cobre de aproximadamente 12 milhões de flores em bege e branco.
Tem uma artista que está a captar esse momento raro e único e amanhã vou para o Aterro do Flamengo ver com os meus olhos. Vou tentar fazer foto e depois informar-me do modo de partilhar essas fotos convosco.
Abraços

Adriana Roos disse...

Muito interessante, mais uma vez me alegro de conhecer teu blog!
Aqui no Brasil realmente temos o nome de cravo de defunto mas são lindos!

Anónimo disse...

Ver a propósito Tagetes cultivar- a "Botany Photo of the Day" de hoje.

Anónimo disse...

Em Portugal são ainda chamados de cravos-espanhóis (no centro de Portugal) e de cravos-xaropes ou cravos-jaropes no Minho.

Anónimo disse...

Cravos túnicos