Surge o poeta da flor
«Disse-me que se autotitulara Poeta da Flor, e como tal queria ser tratado. Porque sua especialidade era flor.
- Tem preferências?
- Qualquer flor. Todas. Apenas dedico menos atenção à rosa, que se tornou inflacionária em poesia (ah, Rilke e Gertrude Stein!) e ao lírio, com i ou com y, de que os simbolistas abusaram. Da margarida não falo. Vou deixar passar essa onda de tecidos, xícaras, caras e pernas estampadas, e de gripe, para ver se posso fazer alguma coisa em favor da margarida. Esse pessoal é engraçado. De repente, pega uma flor e pensa que é feijão, de consumo obrigatório. Amanhã são capazes de descobrir a georgina.
- Georgina?
- É a nossa velha dália, que tem esse nome na Europa Central. Enquanto não a tornam hippie, fiz este poeminha:
Dá-lhe dália Dalida
délia seiva de Scève
salve!
Gostou? Se não gostou, não faz mal. Eu gostei, eu que fiz. Repare quanta coisa pus em oito palavrinhas, a maior das quais com seis letras: uma cantora moderna, um poeta antigo com seu poema famoso, um grito hípico, uma saudação à flor, que, sendo variabilis na classificação científica, autoriza variações aliteradas. Certamente não notou, mas escorre seiva pelo talo do poema, com eles e esses.
- Estou notando.
- Dei um exemplo. Sabe o que é lidar com milhares, milhões de espécies florais, na maioria inteiramente inexploradas, pedindo verso, pedindo expressão? (...) Quero fazer um poema para cada uma das flores existentes (...).
- Mas ... não receia ser acusado de alienação?
- Quem: eu, alienado? Duvido que os poetas engajados do homem-na-história, do contra-o-napalm, etc., digam mais do que eu na minha cantada floral. (...) Cantando flor a gente diz tudo, e eles (o senhor sabe quem são) não podem fazer nada com a gente!»
Carlos Drummond de Andrade, Caminhos de João Brandão (1970)
2 comentários :
;-)
Estava mesmo precisando de algo assim: para ler com um sorriso (nos lábios e na alma) do principio ao fim.
obg
"georgina"...o bichinho da curiosidade despertou e eis aqui a explicação para este nome: Dahlia deriva dal nome del botanico svedese Anders Dahl, allievo e collaboratore del grande naturalista Linneo. Questo ricercatore riuscì a riprodurle tramite semina. Questa pianta era già coltivata dagli Aztechi che la denominavano Acocotli e ne usavano i fusti come tubi per condurre l'acqua dai ruscelli di montagna ai loro villaggi. Nel 1789, arrivarono tre esemplari al giardino botanico di Madrid. A Berlino, dove giunsero nel 1804, furono denominate Georgina dal nome del botanico russo Georgi. Ancora oggi in alcune parti del nord Europa e in Russia questi fiori sono chiamati Giorgine. Fu proprio dall'Orto botanico di Berlino che la giorgina o dahlia si diffuse in tutto il vecchio continente. Iniziarono gli incroci e le ibridazioni e ben presto si contarono 2000 varietà, tutte derivate dalla prima dalia doppia, la Georgina variabilis.
De destacar este aspecto verdadeiramente curioso:« Questa pianta era già coltivata dagli Aztechi che la denominavano Acocotli e ne usavano i fusti come tubi per condurre l'acqua dai ruscelli di montagna ai loro villaggi...!
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