Estreleiras de São Lourenço
A ponta leste da ilha da Madeira é uma península estreita com cerca de 9 quilómetros de extensão, margens indentadas em arribas a pique, e um solo avermelhado que o vento forte, salpicado de maresia, se encarrega de erodir. Pela ausência de árvores, a paisagem desabrigada parece árida. Vencida, porém, a vereda que nos conduz ao topo, a partir da qual se descortina uma pequena enseada de areia escura (a Prainha), a impressão é mais animadora. Ao largo, avistam-se dois ilhéus, um deles classificado como reserva natural integral, onde esvoaçam cagarras e garajaus, nidificam muitas outras aves, e perto dos quais se podem observar, em dia de muita sorte, tartarugas, golfinhos e lobos-marinhos.
Isolado no extremo oriental da Madeira, e já sem os estragos dos piratas de outrora, este habitat mantém uma biodiversidade que vai rareando noutros pontos do litoral da ilha. A vegetação ali é rasteira, que a ventania não permite que se alteie o pescoço, mas este é um alfobre de plantas raras e muitos endemismos. O que lhe mostramos hoje pertence a um género de plantas subarbustivas (Argyranthemum) bafejado com várias espécies na Macaronésia, caracterizado por folhas em geral muito divididas e capítulos vistosos de lígulas brancas, amarelas ou cor-de-rosa. A subespécie das fotos, que só ocorre na Ponta de São Lourenço e nos dois ilhéus próximos, distingue-se pelas folhas suculentas quase inteiras, ou com lóbulos triangulares, que a protegem das agruras do clima. As estreleiras-de-São-Lourenço (se assim lhes podemos chamar) florescem na Primavera, no Verão... e também em Dezembro.
1 comentário :
são um achado estas flores parecidas com malmequeres. Deve ser bem inóspita a ponta de S. Lourenço.
Enviar um comentário