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10/05/2006

Jardins proibidos?

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No próximo dia 14
(nas bancas com O Público)
o número de Maio d' O TRIPEIRO

do Índice:
Editorial
Destaque - O Porto verde
Antes dos jardins houve as alamedas
Parque da Cidade (...)







via Quinta do Sargaçal

13/01/2005

A única revista que...

Neste mundo em que, cada vez mais, comunicamos à distância com aqueles que partilham os nossos gostos e ignoramos tudo sobre os nossos vizinhos, as revistas especializadas cumprem um papel agregador dessas dispersas comunidades de interesses, fornecendo-lhes referências e uma marca identitária. Um caçador de fim-de-semana - equipado com cão, veículo todo-o-terreno, artilharia quanto baste, farda e botas a condizer - alimentará a sua paixão, no dia-a-dia sedentário entre duas saídas de campo, com a leitura atenta de Cães & Tiros: a prosaica aparência quotidiana esconde afinal a sua verdadeira personalidade, que é a de um membro ferrenho do clube mato tudo quanto mexe.

Um relance pelos quiosques e ficamos convencidos: há interesses para tudo, e para cada interesse há uma revista ou até muitas revistas. Há assuntos em que mesmo em português elas proliferam: carros, motociclismo, cães, cavalos, caça, pesca, culturismo, decoração, bordados, saúde & bem-estar, moda, computadores, puericultura, futebol, música... No meio deste gasto desvairado de papel, uma revista há que proclama ser a única portuguesa sobre jardins; intitula-se precisamente Jardins. Será mesmo a única? Haverá mais portugueses interessados em motociclismo ou na criação de cavalos do que em jardins?

A falar verdade, a revista não é bem portuguesa: é a versão nacional de uma publicação que existe em várias línguas. Mais de dois terços do seu conteúdo não publicitário é traduzido; daí que muitas vezes ela pareça desajustada do público a quem se dirige, como nos insistentes conselhos sobre as precauções a tomar com a neve. Há dicas que são puro dislate, atribuível talvez à tradução: «devolva as formas às árvores de sombra em repouso, eliminando o ramo central principal» (n.º 28, Janeiro de 2005, pág. 36). Quer isto dizer que devemos cortar-lhes a flecha, fazendo assim com que as árvores cresçam deformadas?

O conteúdo português da revista, embora escasso, é de leitura proveitosa. Neste número de Janeiro, por exemplo, aparece uma boa reportagem sobre o jardim público de Viana do Castelo na margem do Lima: aprendemos que a sociedade que o construiu, na década de 1880, foi a mesma a quem se deve o Palácio de Cristal portuense; e recordamos a amputação que o jardim sofreu há quatro anos em prol do automóvel. Pena é que, contando-se a história do jardim, não se identifiquem as árvores, arbustos e flores que hoje o compõem. Regista-se ainda com agrado o espaço que a revista abre aos arquitectos paisagistas portugueses para descreverem os seus projectos, mas seria desejável que tais textos, potencialmente tão interessantes, fossem escritos em estilo menos canhestro.