Jardins proibidos?
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No próximo dia 14
(nas bancas com O Público)
o número de Maio d' O TRIPEIRO
do Índice:
Editorial
Destaque - O Porto verde
Antes dos jardins houve as alamedas
Parque da Cidade (...)
via Quinta do Sargaçal
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No próximo dia 14
(nas bancas com O Público)
o número de Maio d' O TRIPEIRO
do Índice:
Editorial
Destaque - O Porto verde
Antes dos jardins houve as alamedas
Parque da Cidade (...)
via Quinta do Sargaçal
Publicada por
ManuelaDLRamos
em
10.5.06
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Etiquetas: Divulgação , Revista
Neste mundo em que, cada vez mais, comunicamos à distância com aqueles que partilham os nossos gostos e ignoramos tudo sobre os nossos vizinhos, as revistas especializadas cumprem um papel agregador dessas dispersas comunidades de interesses, fornecendo-lhes referências e uma marca identitária. Um caçador de fim-de-semana - equipado com cão, veículo todo-o-terreno, artilharia quanto baste, farda e botas a condizer - alimentará a sua paixão, no dia-a-dia sedentário entre duas saídas de campo, com a leitura atenta de Cães & Tiros: a prosaica aparência quotidiana esconde afinal a sua verdadeira personalidade, que é a de um membro ferrenho do clube mato tudo quanto mexe.
Um relance pelos quiosques e ficamos convencidos: há interesses para tudo, e para cada interesse há uma revista ou até muitas revistas. Há assuntos em que mesmo em português elas proliferam: carros, motociclismo, cães, cavalos, caça, pesca, culturismo, decoração, bordados, saúde & bem-estar, moda, computadores, puericultura, futebol, música... No meio deste gasto desvairado de papel, uma revista há que proclama ser a única portuguesa sobre jardins; intitula-se precisamente Jardins. Será mesmo a única? Haverá mais portugueses interessados em motociclismo ou na criação de cavalos do que em jardins?
A falar verdade, a revista não é bem portuguesa: é a versão nacional de uma publicação que existe em várias línguas. Mais de dois terços do seu conteúdo não publicitário é traduzido; daí que muitas vezes ela pareça desajustada do público a quem se dirige, como nos insistentes conselhos sobre as precauções a tomar com a neve. Há dicas que são puro dislate, atribuível talvez à tradução: «devolva as formas às árvores de sombra em repouso, eliminando o ramo central principal» (n.º 28, Janeiro de 2005, pág. 36). Quer isto dizer que devemos cortar-lhes a flecha, fazendo assim com que as árvores cresçam deformadas?
O conteúdo português da revista, embora escasso, é de leitura proveitosa. Neste número de Janeiro, por exemplo, aparece uma boa reportagem sobre o jardim público de Viana do Castelo na margem do Lima: aprendemos que a sociedade que o construiu, na década de 1880, foi a mesma a quem se deve o Palácio de Cristal portuense; e recordamos a amputação que o jardim sofreu há quatro anos em prol do automóvel. Pena é que, contando-se a história do jardim, não se identifiquem as árvores, arbustos e flores que hoje o compõem. Regista-se ainda com agrado o espaço que a revista abre aos arquitectos paisagistas portugueses para descreverem os seus projectos, mas seria desejável que tais textos, potencialmente tão interessantes, fossem escritos em estilo menos canhestro.
Publicada por
Paulo Araújo
em
13.1.05
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Etiquetas: Revista , Viana do Castelo