08/04/2008

É uma olaia? É uma cerejeira?

Nem uma coisa nem outra, é claro. As vivas manchas cor-de-rosa que enfeitam por estes dias o Parque Florestal de Amarante são de duas Cornus florida. Uma delas já tinha sido aqui festejada em anos anteriores; posteriormente, a mesma árvore forneceu o material pedagógico para explicarmos que nas Cornus, tal como nas buganvílias, o colorido vistoso é das brácteas e não exactamente das flores. Este ano notámos que a árvore não está sozinha: outro exemplar da mesma espécie (na foto) vive em lugar mais discreto, fora do circuito dos visitantes, num declive entre campos de cultivo. Tivemos que a ver de perto para tirar a teima sobre que árvore seria ela. Era a cara chapada de uma olaia, um bocadinho atrasada na floração, é certo - só que não era olaia, e com isso perdi uma aposta. Mas como olaias há muitas e as Cornus são raras, no fim de contas também ganhei.


Cornus florida

Embora as «flores» se mantenham na árvore por algum tempo, a cor viva vai-se gradualmente esbatendo à medida que a árvore faz brotar as folhas novas. Daqui a duas ou três semanas, o rosa terá desmaiado para branco, ainda mais atenuado pelo verde da folhagem. Também em Amarante, perto destas duas, vegeta uma pequena e bonita árvore da espécie C. kousa, a qual, por nunca fazer o espalhafato das suas congéneres, nunca aqui trouxemos: as suas flores, rodeadas por brácteas brancas, surgem ao mesmo tempo que as folhas. A terceira espécie de Cornus cultivada em Portugal, presente no Jardim Botânico do Porto e em alguns jardins privados, é a C. capitata, que é igualmente pouco dada a exibicionismos primaveris e se distingue das outras duas por ser de folhagem perene.

9 comentários :

Isabel disse...

Linda! Não sabia que existiam em Portugal, só havia visto uma c.kousa em Inglaterra. Não deixarei de as ir ver na próxima vez que vá ao norte.
Saudações lisboetas

Gi disse...

Há uma quantidade de arbustos/ pequenas árvores rosadas em vários sítios, incluindo a faixa separadora da A1 (Lisboa-Algarve) que não tenho hipótese de fotografar mas gostava muito de saber o que são.

Paulo Araújo disse...

Embora não conheça esse troço da A1, presumo que sejam loendros (Nerium oleander), os mesmos arbustos de flores rosadas que foram plantados nos separadores de auto-estrada mais a norte.

Anónimo disse...

Caríssimo Paulo Araújo,

Obrigado pelo seu post de hoje, que me permitiu (finalmente!) identificar uma espécie do Parque Florestal de Amarante que só conhecia com a roupagem de Outono, aliás também interessantíssima (um fulgurante vermelho-vivo).

Aproveito o ensejo para referir que o Cornus/Dendrobenthamia capitata também existe noutros parques e perímetros florestais, pelo menos no Norte, inclusivamente no de Amarante.

Abraço

P. Faúlha

Paulo disse...

Tenho andado indeciso. É um Renoir? É um Monet?

Paulo Araújo disse...

Eu também pensei que poderia ser obra de um desses famosos pintores, mas uma coisa me levou a concluir que não: os prédios que se vêem no canto superior esquerdo não parecem ser contemporâneos desses artistas (mesmo que fossem, eles evitariam representá-los).

Caro P. Faúlha:

Por inadvertência indesculpável, não tenho fotos outonais dessa Cornus kousa em Amarante. Mas para a semana publico as que tenho.

Abraço,
Paulo Araújo

Gi disse...

Obrigada, Paulo, mas não me parece que sejam oloendros, esses eu conheço. Se conseguir fotografá-los pergunto outra vez.

Paulo disse...

A pintura realista é o que tem.
Neste caso, apetece ir lá com o pincel e fazer uns pequenos ajustes.

P.S. Gi, parece-me que também há uns tamarizes nos separadores da auto-estrada do Sul. Essas florinhas rosadas são muito pequenas, apenas para dar a cor?

Gi disse...

Só conheço os tamarizes deste post do valkyrio. As flores parecem pequeninas, sim, mas só as vi de longe e de passagem.