13/02/2016

Giesta dos espinhos



Genista hystrix Lange


Para compensar a pouca atenção que damos aos verdadeiros tojos, assunto espinhoso em muitos sentidos, aqui vai um falso tojo menos eriçado e traiçoeiro, mas capaz também de picadas agressivas. Cada haste da Genista hystrix é rematada por um forte espinho, parecendo que isso lhe basta como defesa, pois de resto a planta é desprovida de acúleos. Essa relativa mansidão, assim como o porte erecto, permitem diferenciá-la, na ausência de flores e de folhas, do Echinospartum ibericum, uma leguminosa bastante mais espinhenta que forma característicos almofadões em zonas pedregosas de montanha. Havendo flores, a diferença entre as duas espécies é óbvia: as do E. ibericum são menores e têm um cálice muito mais lanudo.

A Genista hystrix, cujo epíteto é o nome grego para ouriço-cacheiro, é um arbusto que não costuma ultrapassar um metro do altura. Em cada estação de crescimento, flores e folhas só aparecem nos ramos novos, que têm uma textura acetinada; os ramos velhos são glabros e grossos, profundamente marcados por 10 a 12 estrias. É um endemismo do NW peninsular, que vive perto de rios em locais rochosos de média altitude, em geral longe da costa. Escasseia no Minho e na Galiza, mas vai-se vendo em Trás-os-Montes ao longo das bacias dos maiores afluentes do Douro. As fotos que ilustram o texto foram porém captadas nas margens do rio Minho, algures nas pesqueiras de Melgaço, onde a G. hystrix surge na companhia de muitas outras plantas improváveis que ali se instalaram por engano — engano esse que nos serve de desculpa para lhe termos dado, inicialmente, o nome errado. Foi o João Lourenço, que de tojos verdadeiros ou falsos percebe muito mais do que nós, quem nos apontou o lapso.

Quando não temos a prudência de estudar uma chave de identificação, deixando-nos guiar pelas primeiras impressões, a geografia, que neste caso confundiu, pode de facto dar uma ajuda. Fica então o leitor prevenido de que, se estiver no Alentejo ou no Algarve passeando pelas margens pedregosas de algum rio, e lhe parecer reconhecer a Genista hystrix, então o que está a ver é de facto outra coisa, a Genista polyanthos, que se distingue por caracteres demasiado subtis para serem aqui explicados. Estas duas Genistas gémeas, ambas endémicas da Península Ibérica, uma do norte e outra do sul, têm distribuições praticamente disjuntas, embora com alguns pontos de contacto na Extremadura espanhola.

1 comentário :

bea disse...

As giestas são flores alegres, que nos fazem companhia ao longo dos caminhos. Não me refiro às espinhudas e como estas meio ao engano, mas àquelas de haste flexível e fortemente florida que nos alegram o olhar pelas bermas de estradas e não só.

A esta hora calculo que estejam pejadas de gotas, debruçadas para a terra. Mas hão-de erguer as flores para os dias e rir ao sol.
Bom Domingo