Super-agrião
Rorippa pyrenaica (All.) Rchb.
Em terrenos baldios, pousios, bermas de estrada, às vezes em hortas, as crucíferas de flor amarela são, em cada ano, os arautos da Primavera. Rabanetes, mostardas, saramagos, couves e agriões atropelam-se para nos dar a boa nova de que os dias sombrios, curtos e descoloridos vão ficando para trás. Boa altura para trazer ao escarapate um membro deste grupo, ressalvando-se contudo que o agrião-dos-Pirenéus (tradução apressada de Rorippa pyrenaica), por ser raro e de floração tardia (só a partir de Maio), não participa no esforço colectivo de pintar de amarelo as paisagens neste final de Fevereiro.
Dentro do género Rorippa, ou pelo menos se a compararmos com outras espécies que por cá conhecemos, a R. pyrenaica, com os seus 70 cm de altura, destaca-se pelo porte erecto e pela floração abundante. Apesar de o seu nome fazer referência aos Pirenéus, ela não é exclusiva dessa cadeia montanhosa e encontra-se, por vezes a altitudes modestas, em boa parte da Europa mediterrânica, desde a Península Ibérica até aos Balcãs. Preferindo lugares abrigados e húmidos, em orlas de bosque ou junto a cursos de água, está referenciada em quatro províncias portuguesas, mas ultimamente, de acordo com o portal Flora-On, só tem sido vista em Trás-os-Montes. Na única vez em que a encontrámos, em Vimioso, perto do rio Angueira, tivemos de nos contentar com um exemplar solitário para a sessão fotográfica. Ainda assim, talvez por não exigir habitats tão encharcados, teve ela melhor sorte do que a Rorippa amphibia, que deveria existir na Beira Litoral e no Ribatejo mas poderá ter sido erradicada pela proliferação de barragens. Sorte idêntica parece reservada à Rorippa palustris se alguma vez se construir uma barragem no rio Minho.
O modo mais fiável de reconhecer a Rorippa pyrenaica é pelas folhas caulinares (ver 3.ª foto), que estão divididas em segmentos quase lineares, têm um par de aurículas na base, e apresentam pêlos dispersos ao longo do eixo. Como tira-teimas, e caso estejam presentes, convém atentar nas silíquas — que são curtas e engrossadas, bem diferentes das da Barbarea verna e das de outras crucíferas com as quais poderia ser confundida.
1 comentário :
Tenho de encontrar as minhas fotos do Angueira para saber se esse amarelo amarelo estava nesse belo rio, pois já nem recordo o mês em que por lá andei.
E assim, vocês obrigam um tipo a recuar no tempo para ver o que apenas se olhou e fotografou.
Abraço
Carlos
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