O espírito do outono
Será
a embriaguez? O vento matinal
arrastando folhas
raparigas canções?
O sopro frio das estrelas?
Será a beleza,
o espírito do outono? Há um limite
para o homem, um limite
para suportar o peso do mundo.
Da beleza, da bárbara
orgulhosa beleza, quem sabe defender-se
sem medo do coração lhe rebentar?
Eugénio de Andrade, O sal da língua (1995)
1 comentário :
Honestamente, não sei responder. Mas sinto que o Outono tem uma beleza própria, especial, que começa nas cores das folhas das árvores, no cheiro das castanhas assanhadas dos vendedores ambulantes, nas primeiras chuvas, nos primeiros frios, no vinho novo, no reacender da lareira, na leitura aconchegada, com música de Bach de fundo, enfim, com estas amenidades burguesas, que sempre representaram a felicidade acessível das almas comuns. O Eugénio de Andrade certamente dirá isto melhor, mas cada um diz como sente e como pode.
Boa lembrança e boa combinação, de temas e de expressões.
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