Sem passado
«Tem seus 23 anos, e eu a conheço desde os oito ou nove, sempre assim, meio gordinha, engraçada, de cabelos ruivos. Foi criada, a bem dizer, na areia do Arpoador; nasceu e viveu em uma daquelas ruas que vão de Copacabana a Ipanema, de praia a praia. A família mudou-se quando a casa foi comprada para construção de edifício.
Certa vez me contou:
- Em meu quarteirão não há uma só casa de meu tempo de menina. Se eu tivesse passado anos fora do Rio e voltasse agora, acho que não acertaria nem com a minha rua. Tudo acabou: as casas, os jardins, as árvores. É como se eu não tivesse tido infância...
Falta-lhe uma base física para a saudade. Tudo o que parecia eterno sumiu.»
Rubem Braga, As pitangueiras d'antanho (in A traição das elegantes, 1957)
5 comentários :
Chamou-me a atenção do nome da pitangueira (Eugenia uniflora, da família das mirtaceas) uma das árvores que desconhecia. Deram-me uma semente, nasceu, cresceu e está farta de dar frutos-É daqueles frutos, pequena baga, que tem um sabor único, e para se o apreciar tem de estar bem maduro.
;-) Só um apontamentozinho: fui espreitar a algumas páginas para ver se era a Eugenia que conhecia (não é) e encontrei alguns dos nomes por que é conhecida a pitangueira:«Sp: cereza cuadrada, cereza de Cayenne, cereza de Surinam, guinda, nangapiri, pendanga, pitanga; arrayán is the tree; Pt: pitanga, pitanga do Norte, pitangueira, vermelha, pitangueira branca, pitangueira do mato; En: Brazil cherry, Cayenne cherry, Florida cherry, pitanga, Surinam cherry; Fr: cerise à côtes, cerise carrée, rousaille, jambose de michéli; cerisier de Cayenne, cerisier du Surinam are names of the tree.» (in http://www.ciat.cgiar.org/ipgri/fruits_from_americas/frutales/Ficha%20Eugenia%20uniflora.htm )
E qual é a eugenia que tu conheces?
A que conheço é a Eugenia smithii. Parece que agora tem outra designação científica: Acmena smithii. Em inglês chamam-lhe Lilly Pilly. Têm umas bagas rosa escuro.
No Palácio de Cristal havia uma pitangueira alta atrás do lago, mas secou. Junto à Biblioteca há uma Eugenia smithii, mas é na Quinta de Sto. Inácio que se podem apreciar muitos exemplares de bom porte. Aqui já falou de outra Eugenia, a caryophillis, que dá o cravinho-da-Índia.
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