12/03/2005

Descendo das alturas


Fotos: pva 0503 - Narcissus spp.

A consciência cívica não nos permite que obriguemos os nossos leitores a adoptar, em permanência, uma postura que lhes pode provocar maus jeitos e dores nas articulações. Não nos referimos ao modo como se sentam ao computador quando navegam pelo nosso e por outros sítios virtuais - pois sobre isso não nos cabe dar conselhos -, mas sim às 2+7 palmeiras Washingtonia robusta aqui divulgadas, tão absurdamente altas que não podem ser observadas, ao pé e de corpo inteiro, sem um esforçado contorcionismo que põe o nariz no prolongamento em linha recta do pescoço. Para não criar vício de postura, convém ver uma só palmeira de cada vez e não exceder um período moderado de observação; e, nos intervalos de se olhar o céu, deve-se olhar o chão. Com essa descida abrupta do ângulo de visão não se perde tempo, pois o chão, se bem escolhido, também é rico em possibilidades didácticas. Por exemplo, em Serralves, junto ao roseiral (de onde estas fotos não são), o chão debaixo do grande castanheiro está salpicado de narcisos brancos e amarelos. Rasteiros, efémeros, cada rebento deixando pender a sua flor com o saiote da corola sob o cálice estrelado, são uma dádiva para quem anda de olhos no chão. Os outros, distraídos e aéreos, além de não os verem ainda chegam a pisá-los.

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