09/03/2005

As sete magníficas

......................................from above and from below.



Fotos: mdlramos 2004
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As sete palmeiras do Palácio de Cristal -a que gostamos de chamar "as sete magníficas"- são da espécie Washingtonia robusta, uma das duas únicas espécies da América do Norte que constituem o género criado em 1879 por H. Wendland para abrigar estas palmeiras anteriormente incluídas no género Pritchardia (de W.T. Pritchard, missionário protestante envolvido na colonização do Taiti). A designação do género pretendia homenagear G. Washington, primeiro presidente dos Estados Unidos.
aqui falámos de dois belíssimos exemplares destas palmeiras, vulgarmente denominadas palmeiras-do-México ou palmeiras-de-leque mexicana (em língua inglesa Mexican fan palm e também Skyduster palm) consideradas por alguns botânicos uma variedade da Washingtonia filifera, a palmeira da Califórnia (de que no Porto também existem belos exemplares). Diferencia-se desta pelo seu espique mais esbelto e mais alto, e pela maior robustez do seu crescimento, daí o designativo da espécie. As suas folhas costapalmadas (em forma de abano) estão dispostas numa coroa mais estreita e apresentam muito poucos filamentos brancos ao contrário da sua congénere W. filifera.
A sua introdução na Europa foi mais tardia e deve-se ao intrépido botânico checo Benedikt Roezl *(1824-1885) que enviou as suas sementes depois de ter encontrado a espécie nas margens do rio Sacramento em 1869. Árvore ornamental de eleição é bastante rústica e muito resistente ao vento.

No Jornal de Horticultura Prática que amiúde mencionamos, e que constitui uma fonte preciosa para a história da Horticultura e da Jardinagem em Portugal, a referência à espécie Washingtonia robusta surge em 1888, num interessante artigo de Jules Daveau, na altura jardineiro chefe do Jardim Botânico da Escola Politécnica de Lisboa, cargo que ocupou de 1876 a 1892**. Nesse texto, intitulado simplesmente "Washingtonia", o autor que, vem a propósito lembrar, é o responsável pelo traçado da emblemática "rua das Palmeiras" desse jardim, depois de discorrer acerca da Washingtonia filifera, «introduzida no mercado em 1871», e informar sobre a constituição do novo género para acolher estas palmeiras anteriormente classificadas como Pritchardia, descreve detalhadamente a espécie tão bem representada no Palácio de Cristal.
Esta era então uma novidade que entusiasmava os amadores e profissionais por exceder «a sua congénere em elegância, vigor e rusticidade» segundo as palavras do distinto jardineiro que nos dá conta também das suas experiências: «Cultivando esta bela aquisição em Lisboa só há poucos meses, nada podemos dizer por experiência, a não ser que, em menos de oito meses, as nossas plantas se desenvolveram com um vigor que as tornou desconhecidas (sic).» (Ob. cit., p.117)

* Ler Benedikt Roezl - botánico y explorador ; Benedikt Roezl- Portrait d'un fou
**Ler por C.N. Tavares a História do Jardim Botânico da Faculdade de Ciências de Lisboa (in O Reino das Plantas, Triplov)

(Post-scriptum: estava desde Setembro para escrever sobre estas palmeiras ;-) após a leitura duma entrada publicada por Jorge Ricardo Pinto quando ainda animava o Avenida dos Aliados. Este apontamento é apenas um pretexto para fazer uma ligação para o referido texto e manifestar as nossas saudades.)

6 comentários :

Anónimo disse...

Já que o assunto é palmeiras, faço a sugestão de encontrar aí no Porto a única palmeira nativa portuguesa, conhecida como palmeira das vassouras, chamaerops humilis. Um abraço

ManuelaDLRamos disse...

Olá ;-)
Há uma líndíssima no Botânico e num dia destes publica-se a foto. Mas lembrei-me q já aqui publiquei a foto de uma Chamaerops humilis numa falésia do sotavento algarvio: pode ver-se em
http://dias-com-arvores.blogspot.com/2004/08/na-falsia-palmitos.html
Abraço tb
Manuela

Anónimo disse...

Que bom vir a este blog. O que eu aprendo a tomar atenção ao que, até começar a vir aqui, não me sobressaltava. Obrigado.

ManuelaDLRamos disse...

JG -Gostei da expressão "não me sobressaltava" e da visita (com uma palavra tão inspiradora). Também gosto de visitar o Blog da Sabedoria ;-)

Anónimo disse...

Muito interessante. É esta a palmeira que dá as tâmaras? Se não é esta, gostaria de saber qual a espécie e se existe por cá (e se frutifica).

a d´almeida nunes disse...

Coloquei esta nota no comboio-azul.blogspot.com que me reencaminhou aqui, a este sítio já meu conhecido e muito familiar, reportado a este tempo de 2005, mesmo assim, achei interessante, depô-lo também, esta oportunidade.
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Quem pode ficar indiferente a um texto como este?
...
Pessoalmente, tenho na minha mente uma singela cena do meu jardim:
tive um cão, que se chamava Tuiki. Veio cá para casa recém-nascido. Passava na televisão uma série em que o personagem principal era um robot, muito simpático, anos 70/80?, tinha esse nome. O meu filho Bruno sugeriu que baptizássemos o cão com o nome do robot da Televisão.
Viveu 17 anos.
Foi enterrado no nosso jardim. Em cima da sua campa plantámos uma Palmeira...lá está ela, vicejante, memória viva duma recordação cheia de saudade!
Um abraço.
antonio dispersamente