Rua com qualidades
Fotos: pva 0503 - flores de loureiro e camélia na rua Miguel Bombarda (Porto)
No meu trajecto diário percorria de uma ponta à outra a rua D. Manuel II, com paragens para saudar as tílias (as jovens, à entrada da rua, e as veteranas, junto ao Palácio) e comprar o jornal na loja do gato preto. Mas agora que arrancaram as tílias, o gato se fez absentista, e os passeios foram convertidos em labirintos poeirentos, um tal percurso seria um mau começo de dia para quem não abdica de dar descanso à indignação.
Desvio-me então pela rua Miguel Bombarda. Os mais distraídos alegarão que a rua não tem árvores, que os prédios são feios, que os passeios são estreitos e, pelo menos de um lado, sempre ocupados por carros. Tudo isso é verdade, mas:
- como o trânsito é pouco, caminho à vontade (em contra-mão) pela faixa de rodagem;
- vejo na montra da Assírio & Alvim (que está fechada de manhã) os livros que poderei comprar ao fim da tarde, no regresso a casa (truque excelente para um dia positivo, o de saber que ele terminará com a posse do livro desejado);
- uma sebe de loureiros debruça-se, estridente de chilreios, do muro no troço final da rua, largando folhas estaladiças que dá gosto pisar e, agora que a floração está no auge, carregando o ar de perfume;
- logo a seguir, para terminar a rua em beleza, há as camélias ao cimo de um discreto lanço de escadas, incluindo a que dá a flor na foto e me parece muito rara (rara por si mesma e pela surpresa de estar onde está).
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