28/06/2005

Os nomes das árvores

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Quantas vezes os nomes científicos das árvores parecem complicados e difíceis de entender? Os próprios nomes vulgares ou comuns são frequentemente autênticos enigmas! No entanto todos têm alguma razão de ser e o conhecimento da sua origem e significado, levando a uma mais profunda compreensão das características e história das árvores (e outras plantas) com que nos cruzamos diariamente, faz com que melhor as apreciemos.

O conhecimento do nome científico é também vantajoso segundo um ponto de vista prático porque permite que não se adquiram ou encomendem espécies que não eram realmente as pretendidas, pois enquanto que o nome comum ou vernacular pode designar por vezes plantas diferentes, o científico, em latim, é único e usa-se internacionalmente.
A designação científica é composta, pelo menos, por dois elementos que se costumam escrever em itálico: o primeiro é sempre um substantivo próprio, grafado com inicial maiúscula, designando o género, seguido de um adjectivo que caracteriza a espécie, escrito com letra minúscula. Quando há maior preocupação de rigor acrescenta-se a abreviatura do nome do botânico responsável pela designação, por exemplo: Camellia japonica L., em que o L. maiúsculo se refere a Lineu (1707-1778), ilustre botânico sueco e o único que nas designações científicas aparece representado apenas por uma letra.

Ambas as palavras designativas do género e da espécie são, como já se referiu, significativas, transmitindo variadíssimas informações sobre as árvores. Por exemplo, a origem: C. japonica (do Japão); algum aspecto morfológico: Tilia cordata (com a folha em forma de coração, do latim cor, cordis, coração); a abundância ou frequência da espécie: Malus communis, etc. , etc..
Por vezes ficamos mesmo a saber quem descobriu ou descreveu pela primeira vez essas plantas. Isso acontece quando, para designar o género ou a espécie, são adoptadas as formas latinizados dos nomes dessas pessoas, sendo um modo dos botânicos homenagearem colegas, naturalistas ou mecenas (o que aliás até acontece mesmo quando a planta não tem nada a ver com o botânico homenageado).

No caso de ser a designação do género a tomar a forma latinizada do nome da pessoa, é interessante notar que é frequente passar para a língua comum. Estão neste rol tanto árvores muito conhecidas, como por exemplo a camélia ( de Joseph Camel) e a magnólia (de Pierre Magnol), como outras cujos nomes são menos conhecidos entre os leigos. Entre estas últimas podemos referir justamente a albízia.
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5 comentários :

LFV disse...

Para quem, como eu, é leigo de todo o contributo é valioso. Por má sorte minha não sei latim. Mas deve seguramente haver um género de index de que os leigos possam socorrer-se. Porque, a não ser assim, como conseguiremos chegar à classificação correcta? É pedir muito que me indique uma fonte acessível, que dispense demasiada erudição e que possa ajudar-me? Certamente a mim e a muitos como eu?

ManuelaDLRamos disse...

Descobrir o nome das árvores e "acertar" com a sua classificação é uma aventura verdadeiramente apaixonante. Comigo começou apenas há pouco mais de cinco anos e foi motivada justamente pela curiosidade acerca da razão de ser dos nomes de algumas árvores. Desde essa altura (até então andava completamente absorvida por outra paixão também de foro linguístico digamos assim...) comecei por descobrir o nome das árvores da minha rua (como era possível viver há 17 anos num sítio e não saber como se chamavam essas árvores!? acontecia comigo e creio que com quase toda a gente), do bairro, do jardim ... e sempre que descubro uma árvore da qual não sei o nome, não sossego!
Para se identificar uma árvore começa-se pelas folhas e eu, que nessa altura me iniciava também no mundo fantástico e independente da fotografia digital comecei a fotografar folhas e árvores e árvores e folhas ...
A decoberta dos instrumentos necessários paara a identificação das espécies é também muito interessante (horas e horas nas livrarias e nas bibliotecas e posteriormente na internet): livros principalmente e para confirmação ou outra informação adicional, sites da internet. Há alguns manuais básicos de boa qualidade e a sua aquisição é, na minha opinião, o primeiro passo. Em língua portuguesa sugiro, por exemplo, e para começar, Árvores de folha caduca da Everest Editora que edita uns livrinhos muito bem feitos, na sua secção de manuais e livros práticos. Decerto haverá outros em língua portuguesa mas para já foi o que me ocorreu ;-)

LFV disse...

Uff, obrigado! Como eu previa isto não é pera doce e a paixão é das que faz sofrer. Acho que será complexo, trabalhoso e gratificante. Sempre me habituei, como toda a gente, a chamar pinheiro a pinheiros diferentes. A olhar para outras árvores como não sei quê para palácio. Como aconteceu com o Kurrajong que está no Largo do Dr. Tito Fontes durante anos e anos. É isso! Passamos anos sem sabermos como se chamam os vizinhos que nos protegem e nos suavizam a vida.Até um dia! Muito obrigado pelas dicas e pela explicação. Sendo que esta devia ser paga...

Anónimo disse...

Não fora o AVIZ e andaria quase outro ano sem vos conhecer e que lapso esse seria.
Parabéns pelo vosso cuidado trabalho e pela músicalidade das imagens que aqui colocam.
No seu género, este é um blog tão fundamental como o musical Buonamusica.

jardineira disse...

Notícia fresquinha: O "Guia de Campo das Árvores de Portugal e Europa" (e. FAPAS-www.fapas.pt) já foi reeditado!!