A preparar o Natal
No parque de Serralves há uma escadaria à direita do portão de entrada que conduz os crentes de certa arte moderna a dois altos muros avermelhados de ferrugem. A ladear este caminho vários pés de avelaneira (Corylus avellana) estão agora a trabalhar para termos avelãs fresquinhas em Dezembro.
A família Betulaceae (a que também pertencem as bétulas, os castanheiros e os amieiros) é, numa apreciação geral, das mais especializadas, com flores adaptadas à polinização pelo vento. No género Corylus, com cerca de quinze espécies do hemisfério norte, as inflorescências masculinas são duas candeias formadas no Outono antes da folhagem nova; as flores femininas, na mesma árvore, estão escondidas em botões castanhos que apenas deixam ver os estigmas carmim quando polvilhadas de pólen. Os frutos nascem envolvidos numa camisa rendada feita de duas brácteas.
Apesar de autóctone em quase toda a Europa desde a última glaciação, o norte da Turquia é o local favorito da espécie C. avellana, que assim compete no terreno com a C. colurna, a árvore das avelãs-de-Constantinopla. Os seus ramos são tradicionalmente a varinha mágica dos adivinhadores de água.
Corylus deriva do grego kóros, capucho, lembrando o invólucro do fruto; (nux) avellana refere-se em latim à (noz de) Abella, cidade da Campania (sul de Itália) cujas avelãs foram em tempos famosas.
3 comentários :
Que foto maravilhosa...
Que artigo essencial, discreto e encantador - a foto agradece :)
Gostei tanto da foto, como um ninho, onde a pequena avelã cresce. Mas adorei a aragem da frase "crentes de certa arte moderna"... Abç
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