Neve-de-montanha
Euphorbia marginata Pursh
As noites cada vez mais longas até ao solstício de Inverno são o sinal para a Euphorbia pulcherrima começar a florir. As brácteas rubras, folhas que mudaram de cor e tornam mais vistoso o centro das diminutas flores amarelas, garantem-lhe o uso anual como estrela-de-Natal; e nessa qualidade não tardará a acenar-nos das vitrines das floristas. A planta da badana de hoje usa a mesma receita de sedução, embora prefira o branco para destacar as flores - e foi através desse detalhe que a identificámos.
A floração da neve-de-montanha, herbácea anual norte-americana que exige pleno sol e torrão de saibro bem drenado, estende-se do fim do Verão até meio do Outono. Nas umbelas terminais de flores notam-se sobretudo as brácteas variegadas (que se mantêm coloridas por vários meses) com margens, bandas e veios brancos. As componentes florais que intervêm na polinização - uma flor feminina nua com três estiletes cercada por várias flores masculinas, cada uma reduzida a um só estame - reúnem-se no centro de uma taça branca de brácteas-a-fingir-de-pétalas, com um anel interno de outras brácteas verdes; o conjunto é um ciátio, inflorescência típica das eufórbias.
Há mais de 6000 espécies na família Euphorbiaceae, que, recém-sujeita a revisão taxonómica, abriga agora apenas as plantas cuja seiva é um leite (magro mas corrosivo). Em quase todas a polinização é garantida por insectos atraídos pelas gotas brilhantes de néctar e os frutos explodem para disseminar as sementes. A ingestão de algumas partes destas plantas pode causar sério desconforto; cozinhar mandioca (Manihot esculenta Crantz.) para um bobó de camarão é por isso tarefa de mãe. Desde a descoberta do processo de vulcanização até ao início do século XX, a seringueira (Hevea brasiliensis (Willd ex A. Juss.) Mull. Arg), da Amazónia, foi fonte natural de borracha e o membro da família com maior importância económica.
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