27/11/2009

Cardinho-azul


Eryngium dilatatum Lam.

Muito embora sejam arrumadas nas umbelíferas, as plantas do género Eryngium são atípicas, pois não exibem a floração em umbela característica dessa família. Em vez disso, os capítulos florais (brancos, azuis, liláses ou verdes), constituídos por florículos de estames compridos, desprovidos de pétalas, são semi-esféricos ou oblongos, e costumam estar rodeados por um anel de brácteas proeminentes. Muitas destas plantas têm folhas espinhentas, adaptadas a condições de vida agrestes, e por isso são popularmente conhecidas como cardos: é o caso tanto do cardinho-azul de hoje como do cardo-marítimo (que, nos seus melhores momentos, também se tinge levemente de azul). A maioria dos cardos, porém, pertence à família dos malmequeres (asteráceas), e a semelhança morfológica entre eles e os Eryngium é um caso paradigmático de convergência evolutiva, conforme é aqui sugestivamente ilustrado.

A distribuição das cerca de 230 espécies de Eryngium é ampla: norte de África, continente euro-asiático desde a Europa até à China, Califórnia, América do Sul; e é no novo mundo, a sul do Equador, que se concentra o maior número de espécies do género. Mas as plantas sul-americanas - altas, de folhas estreitas e compridas - diferem marcadamente das suas primas de aquém-Atlântico, quase sempre espinhentas e rasteiras. Um exemplo brasileiro é o E. pandanifolium, planta aquática que por cá conquistou lugar de honra na lista das invasores perigosas.

Os Eryngium europeus são polinizados por abelhas e borboletas, e aliás, a julgar pela azáfama de tais visitantes, devem pagar esse serviço com um néctar delicioso. O pequeno (até 40cm de altura) e esguio cardinho-azul é uma especialidade ibérica, confinado no nosso país aos terrenos secos e pedregosos, de preferência calcários, do litoral centro e sul.

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