20/06/2012

Uma couve é uma couve

Brassica oleracea L.


Senhora de múltiplos disfarces, a couve está presente, como ingrediente principal ou como acompanhamento, em quase tudo aquilo que comemos. Eis uma lista incompleta dos nomes e personalidades por ela assumidos: penca, repolho, couve-lombarda, couve-galega, couve-flor, bróculos, couve-de-Bruxelas. Haverá refeição digna que não inclua algum destes ingredientes? E ao título de rainha dos quintais a couve juntou, de há uns anos a esta parte, uma improvável vocação ornamental. As couves de folhas coloridas inventadas pelos japoneses fazem parte das plantas que rotativamente ocupam os canteiros citadinos. O seu único inconveniente nesta forma é que a passarada continua a julgar, com muito acerto, que ela é para comer.

A couve primeva, anterior às selecções e cruzamentos de onde resultaram as hortaliças que consumimos, é originária da costa atlântica europeia desde a Alemanha até ao norte de Espanha, e sobrevive ainda hoje em falésias a baixas altitudes. Em Portugal, país tão dado ao cultivo e consumo da couve, era inevitável que ela surgisse naturalizada aqui e ali, fenómeno que ilustramos com uma jovem planta fotografada nuns entulhos do litoral minhoto.

O leitor por certo dispensa uma descrição detalhada da Brassica oleracea, para mais vinda de alguém que teria dificuldade em distinguir uma couve-lombarda de uma couve-galega. Sendo certo que a uma couve não se pede que seja bela mas sim tronchuda, é de apontar que as suas flores, desvalorizados por não serem comestíves, são bonitas dentro do figurino da família das crucíferas, a que a planta pertence. Em geral são brancas, mas dizem os manuais que elas também podem ser amarelas. De facto, já vi couves ornamentais com flores amarelas, mas nunca vi tal fenómeno nas couves de quintal.

5 comentários :

Maria Paz disse...

A couve nabo tem flores amarelas! Ainda há pouco tempo as minhas estavam em flor e se ainda estiverem depois ponho a fotografia, no sábado.

Paulo Araújo disse...

Obrigado pelo comentário. Eu sei que os nabos têm flores amarelas, mas pertencem a outra espécie (Brassica napus); o que nunca vi foi flores amarelas numa daquelas couves que mencionei (couve-galega, penca, etc.), todas elas pertencentes à espécie Brassica oleracea).

Carlos M. Silva disse...

Olá Paulo
Arriscando tornar-me um 'tronchudo',também arrisco dizer o que é dito no 1º comentário mas aplicado às 'pencas';de facto,na última plantação que se fez cá por casa,foram plantadas 2 variedades,'a conhecida por 'Penca de Mirandela' e uma outra a que se dá o nome de 'Pão de Açúcar';e não sei uma ou as duas - uma delas de certeza - deram flores creme ou amareladas.
Acho que se não estiver 'daltónico' e enganado vos envio uma ou duas!
Abraços
Carlos M. Silva

Paulo Araújo disse...

Olá, Carlos.

Ora essa, não precisas de mandar amostras das couves (mesmo que amostras apenas fotográficas) para eu acreditar no que dizes. Como não tenho quintal, a minha experiência nestas coisas é de facto limitadíssima. Nem conhecia essas variedades que mencionas.

Abraço,
Paulo

Carlos M. Silva disse...

Olá
Sim,são mesmo amarelas;sucede que isto de hibridação não permite distinguir qual delas deu,sendo provável que 'as plantas para transplante' já venham misturadas;e ambas daquelas masseiras da Póvoa do Varzim!
Para completar o meu 'falhado lado de expertise agricola',a de Mirandela suponho que sim,tenha origem nessa zona enquanto a outra desconheço se da Póvoa ou se do próprio 'Pão de Açucar/Jumbo'!!! Mas que há diferenças entre ambas, e não só na cor..que as há, há!
Abraços
Carlos M. Silva