Costa dos cubres
Solidago sempervirens L.
Que o Solidago sempervirens é das plantas mais estimadas pelas gentes açorianas prova-o a circunstância de o seu nome, cubres, ser genuinamente popular, e não uma invenção de botânicos empenhados em enriquecer a língua portuguesa. Em São Jorge existe a Fajã dos Cubres, testemunho inequívoco do apreço em que esta planta é tida localmente. E, aquando da minha primeira vista às Flores, ao mencionar no hotel o meu interesse por plantas, a recepcionista puxou do livro Plantas e Flores do Açores, de Erik Sjögren, e mostrou-me os cubres em foto de página inteira. Desiludi-a ao admitir que nunca tinha visto a planta — embora, como comprovei depois, ela ocorresse em boa quantidade a poucas dezenas de metros do hotel.
O reverso da medalha é que o Solidago sempervirens, nativo da costa leste da América do Norte, não pertence à flora indígena açoriana. Ou será que pertence? Os registos históricos são incertos, mas há suspeitas de que a sua presença nas ilhas seja anterior à colonização portuguesa. Se chegou lá por meios naturais, com sementes trazidas pelas marés, pelos pássaros ou pelo vento, então deve ser considerada indígena e não exótica. Outro óbice a tratar-se de uma espécie introduzida é que, tirando os Açores, onde está presente em todas as ilhas, o Solidago sempervirens só ocorre na sua região de origem, nos EUA: não há notícia de se ter naturalizado em qualquer outra parte do mundo. O seu estatuto nos Açores tarda em ser esclarecido e é certamente merecedor de estudo sério.
O nome inglês seaside goldenrod é uma boa descrição da planta em flor e também um indicador do habitat por ela preferido. É uma planta alta, com 1 a 1,5 metros de altura, base lenhosa e folhas grandes, semicarnudas, com os capítulos florais, que brotam só nos meses de Verão, agrupados em panículas densas e alongadas. Nas Flores surge nas falésias e rochedos ao longo de toda a costa, mas também faz umas incursões ao interior da ilha. Sendo muito comum nesta ilha (menos nas outras), está perfeitamente integrada na flora e paisagem locais e, pelo seu comportamento regrado, não pode ser equiparada a exóticas daninhas como o Hedychium gardnerianum e a Hydrangea macrophylla.
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