11/11/2014

Artemísia de verdade


Artemisia vulgaris L.


Esta é a segunda parte de uma história que começou a ser contada quando aqui falámos da Artemisia verlotiorum, alertando então para a circunstância de a Artemisia vulgaris, em Portugal, estar a ser gradualmente substituída por uma falsificação importada da China. Não falamos das plantas cultivadas para uso culinário ou medicinal, mas sim das que ocorrem espontaneamente por esse país fora, em terrenos baldios ou ruderalizados. Nada ganhamos em escondê-lo: nenhuma destas artemísias exige habitats impolutos para se instalar, e pelo contrário gosta de sítios degradados como bermas de estrada e margens de cursos de água eutrofizados. É nessa competição por um lugar de má fama que a oriental Artemisia verlotiorum se revela mais prolífera e adaptável do que a sua irmã europeia. Não é fácil inverter a tendência para favorecer quem está a perder o jogo, quando o que está em causa são habitats marginais e pouco dignos de acções de conservação.

Foi na estrada de Amarante para Mesão Frio, em lugar onde a «limpeza das bermas» não é obsessiva e permite o desenvolvimento de alguma vegetação natural, que encontrámos, no final de Agosto — época em que a floração está no auge —, esta artemísia não tão vulgar. Embora os capítulos florais da A. vulgaris sejam tão pouco vistosos como os da A. verlotiorum, as inflorescências em panículas amplas e ascendentes conferem-lhe um porte bem mais elegante. E a A. verlotiorum, além de se denunciar pelo ar pesaroso que lhe emprestam as inflorescências pendentes, também se distingue pela folhagem menos recortada e pela floração tardia, entre Outubro e Novembro.

Para quem nunca viu a Artemisia vulgaris, convém fornecer algumas medidas: os caules, que são erectos, avermelhados e pouco ou nada ramificados, têm de 1 a 2 metros de altura, as folhas têm até 20 cm de comprimento, e os minúsculos capítulos florais não ultrapassam os 5 mm de diâmetro. Planta perene, a A. vulgaris parece, entre nós, estar confinada ao norte e centro do país; globalmente, distribui-se por quase toda a Europa, e ainda pelo norte de África e pela Ásia.

2 comentários :

bea disse...

Muito prazer, artemisia vulgar que afinal entre nós até és rara, mas tudo bem. Fica com deus e não te percas que os caminhos as vezes são traiçoeiros e a limpeza das valas - que a mim pessoalmente muito me diz, desculpa lá se morres de vez em quando, mas é assim, não podemos durar sempre - dá-te cabo da casa, mas também que coisa, olha os ambientes que foste escolher.
Pronto,tens quase o nome da deusa. Cuida-te.

Anónimo disse...

(pensei se a artemisia DA verdade não poderia inundar gente4s e as mentiras que nos sufocam)

Só para reafimar o (re)conhecimento do local, dos ensinamentos, da beleza das coisas simples e enviar abraços.
da bettips