Verónica cantábrica
Veronica ponae Gouan
Com a discrição que nos é própria, celebrámos aqui, há catorze meses, a nossa primeira dúzia de verónicas, o que significa que já mostrámos quase três quintos das espécies do género que integram a flora portuguesa. Há géneros mais populosos, como Carex ou Silene, cada um deles com 40 ou mais espécies em Portugal, mas é indiscutível que as verónicas nos caíram no goto. Tanto que, alargando a nossa prospecção para lá da fronteira, avançamos sem receios supersticiosos para a décima terceira verónica, trazida esta das montanhas cantábricas.
A Veronica ponae foi baptizada por Antoine Gouan logo a abrir a sua obra Illustrationes et Observationes Botanicae, de 1773. O francês Antoine Gouan (1733-1821) correspondeu-se com Lineu e foi o primeiro botânico do seu país a publicar uma flora (Hortus Regius Monspeliensis, de 1762) seguindo o sistema taxonómico lineano. Além de descrever a espécie, Gouan fornece uma ilustração que capta o aspecto geral da planta mais fielmente do que muitas fotos. Como informação complementar, diga-se que a Veronioa ponae é perene, de base lenhosa, com hastes que não costumam ultrapassar os 40 cm de altura. As folhas, em geral cobertas de pêlos nas duas páginas, são opostas, de pecíolo curto e margens serradas, e têm um máximo de 6 ou 7 cm de comprimento. As inflorescências, em forma de cacho terminal, alongam-se significativamente na frutificação. Como quase todas as espécies de alta montanha, tem uma floração tardia, que no seu caso está concentrada em Junho-Julho mas se pode estender até Setembro.
Frequentadora de rochas e bosques húmidos e de prados junto a linhas de água, a Veronica ponae só não é um endemismo pirenaico-cantábrico porque, apesar de ausente das montanhas do sistema central ibérico, surge de surpresa no sul de Espanha, na serra Nevada.
1 comentário :
É linda na sua simplicidade, esta verónica cantábrica.
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