10/11/2018

Palha-d'aço florido


Launaea arborescens (Batt.) Murb.
Na presença deste emaranhado de ramos denso e ziguezagueante, de aparência espinhosa, diria o leitor tratar-se de uma margarida? Talvez apostasse mais depressa que é um tojo ou um cacto, perdendo a aposta mal lhe visse as flores.




As flores amarelas não deixam dúvidas sobre a filiação deste arbusto nas asteráceas, embora reconheçamos tratar-se de uma espécie invulgar. Nota-se que a ramagem, suculenta e com picos (na verdade, são o que resta dos pés das flores), está adaptada a regiões costeiras áridas, preservando na floração as características da família a que pertence. Os indivíduos podem chegar ao metro e meio de altura, embora formem mais frequentemente novelos baixos, com base lenhosa e raízes robustas. Há registo da L. arborescens no sul da Península Ibérica (na vizinhança de Málaga), no noroeste de África, nos arquipélagos das Canárias e de Cabo Verde, e na ilha da Madeira (só na Ponta de São Lourenço). As fotos, que não mostram as folhas (lineares) porque estas duram pouco, foram obidas nas dunas de El Médano, no sul de Tenerife.



O género Launaea abriga meia centena de espécies que ocorrem no Mediterrâneo, no sul da Ásia e em África. É comum, e exibe grande diversidade genética, no norte de África. Tem aí usos medicinais, culinários e na alimentação do gado, embora, segundo consta, tenha sabor azedo e precise de ser cozinhado para se tornar degustável. Na Europa, apenas o sudeste de Espanha e a Sicília parecem ser suficientemente quentes e secos para serem colonizados com sucesso pelas espécies deste género.

O nome genérico foi escolhido pelo botânico Henri Cassini (1781-1832), especialista em malmequeres e trineto do astrónomo Giovanni Cassini, para homenagear o naturalista francês Jean-Claude de Launay (1750-1816).

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