25/11/2018

Abraços verdes


Periploca laevigata Aiton
Já aqui vos mostrámos uma trepadeira do género Periploca que em tempos se enroscava no portão de uma das estufas do Jardim Botânico do Porto, entretanto reformada (que é como quem diz «sem a vegetação de outrora»). A espécie que encontrámos em Tenerife também tem flores estreladas que se agrupam em cimeiras axilares, com pétalas que combinam igualmente os tons de púrpura, amarelo e verde. Contudo, a espécie canariense tem porte de arbusto, pode mesmo chegar aos 3 metros de altura, e a folhagem é glabra, coriácea e perene.



O fruto (que se vê na 4.ª foto) é como o dos loendros (Nerium oleander) ou do vincetóxico, no que constitui um traço de parentesco pois as três espécies pertencem à família Apocynaceae: dois fusos longos (cerca de 10 cm) e bicudos, opostos como duas metades de um bigode oitocentista, que se abrem longitudinalmente para libertar as sementes envoltas num penacho de algodão. Podem ver aqui imagens destas cápsulas já abertas, a que o povo espanhol alude quando designa esta planta por cornicabra.

A Periploca laevigata é nativa das ilhas Canárias, Cabo Verde, norte de África, sudeste de Espanha e parte da região mediterrânica, e aprecia ladeiras pedregosas ou areais perto do mar. A Flora Ibérica menciona uma antiga aplicação medicinal de talos, folhas e sementes, por certo em desuso pois as plantas da família Apocynaceae costumam ser perigosamente tóxicas (são, porém, ornamentais, ainda que, com a pressa, mal notemos a sua presença nos separadores das nossas auto-estradas).

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