Silk vine
E fomos educados para o medo.
Cheiramos flores de medo.
Vestimos panos de medo.
De medo, vermelhos rios
vadeamos.
Carlos Drummond de Andrade, A Rosa do Povo (1945)
Periploca graeca
Antes que o riso vos dobre pela cintura e as lágrimas vos impeçam de ler o resto do texto, entendamos que Periploca deriva das palavras gregas peri, em torno, e ploke, entrançado. Graecum é grego... em latim. Ou seja, esta é uma trepadeira comum na região dos Balcãs que se enrosca, modesta mas sincera, em qualquer pérgula que se lhe ponha no caminho.
Uma vida assim em permanente reviravolta, sempre com o perdão na ponta da gavinha, tinha de deixar marcas, algumas azedas. Sossegada em cada manhã com o sol acima da cabeça, aflita com ele à tarde debaixo dos pés, tem folhas opostas em ininterrupta oração; produz flores cautelosas na coloração (exterior da corola verde, vermelho-púrpura no interior), com formato de estrela para ter algum céu a que se agarrar; e os frutos, vagens frágeis recheadas de sementes empenachadas de seda, são confessadamente indigestos.
Além de ser endémica no sudeste europeu, esta Periploca, dando um salto de milhares de quilómetros por cima da Turquia, consegue também ser espontânea no sudoeste asiático.
2 comentários :
Que belo :-))
Com tanta volta e reviravolta já fiquei mareada...! mas sempre encantada!
Enviar um comentário