Moda italiana
Scilla italica L. [sinónimo: Hyacinthoides italica (L.) Rothm.] Hyacinthoides paivae S. Ortiz & Rodr. Oubiña
Talvez com esta Scilla se passe o mesmo que no pronto-a-vestir: para melhor se posicionar face a um público que valoriza a moda transalpina e desdenha tudo o que é nacional, ela adoptou para imagem de marca um nome italiano - quando na verdade é nascida e criada no nosso luso-torrão. Aqui chegados, contudo, é melhor fazermos algumas ressalvas: a S. italica distribui-se pela faixa do continente Europeu que vai de Portugal aos Balcãs, incluindo França e Itália; e é natural que neste último país ela seja bem mais abundante do que em Portugal. Por cá só a encontrámos, e em escassíssimo número, nas margens do Tâmega, em Amarante - naquela que é a nossa melhor zona de caça para flores silvestres. Tão rara é entre nós esta espécie que não aparece sequer listada na Flora Digital de Portugal, e o livro Portugal Botânico de A a Z não lhe atribui qualquer nome vernáculo. Em compensação, encontrámos em abundância, neste e noutros locais, a Scilla monophyllos, espécie de que aqui falaremos em breve.
Sendo a S. italica de ocorrência tão incerta, como podemos afirmar que os exemplares de Amarante pertencem a essa espécie? O segredo está na inflorescência: o seu formato cónico é peculiar, e os «ganchos» azuis (na verdade um par de brácteas) que se vêem a abraçar cada botão são inconfundíveis.
De entre as vinte e poucas espécies europeias de Scilla - o género está igualmente representado em África e na Ásia -, a mais apreciada em jardinagem é a S. peruviana, a que já demos a devida atenção. E talvez tenha interesse para o leitor comparar a planta de hoje com a Muscari comosum, também da família Hyacinthaceae.
2 comentários :
Nunca imaginei que houvesse tantas flores azuis! :-)
Pode não ter a espectacularidade da S. peruviana, tão abundante aqui por perto, mas tem não me importava nada de a ter no meu jardim.
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