08/10/2025

Parasitas de muitas cores

Quando pensamos em plantas, vêm-nos à mente componentes vegetais que se situam logo acima do chão, como os troncos, os ramos cobertos de folhas verdes, as hastes florais. Mas nem todas as plantas cabem nesta descrição. As plantas parasitas não têm partes verdes que realizem fotossíntese, ou têm-nas muito reduzidas, e portanto dependem de outras plantas para sobreviverem e completarem o seu ciclo de vida. Ligam-se aos ramos de árvores, arbustos e herbáceas (é o caso do Arceuthobium azoricum, do Viscum album, da Cuscuta europaea); ou inserem a palhinha com que sugam o alimento directamente nas raízes de outras plantas (como as espécies do género Orobanche ou a Monotropa hypopitys), sendo mais frequentes em locais abertos, sem demasiada vegetação, de solo arenoso ou húmido por ser mais fácil de penetrar. Destas, só conhecemos as inflorescências, que nascem depois de uma fase subterrânea relativamente longa.

Cistanche lutea (Desf.) Hoffmanns. & Link

Cynomorium coccineum L.


Orobanche cernua L.
Que condições ambientais ou evolutivas favoreceram o parasitismo entre as plantas? Não há ainda uma explicação convincente para a origem de plantas que abdicaram da sua capacidade de fabricar seiva e da sua invejável auto-suficiência, restando-nos a impressão de que a ocasião fez o ladrão. As vantagens são óbvias: as plantas parasitas resolvem com esse estratagema dois grandes problemas, o da habitação e o do acesso a nutrientes e água, o que lhes permite colonizar habitats que, de outro modo, lhes seriam adversos.



Têm, porém, de ser cautelosas, não vão a gulodice ou o excesso de inquilinos matar o hospedeiro. Por exemplo, em algumas espécies de parasitas as sementes são muito pequenas, e têm um período de dormência curto, precisando de encontrar um hospedeiro mal se soltem e sejam levadas pelo vento ou pela chuva. Se isso parece fácil para as que se agarram a ramos ou troncos, o mesmo não se pode dizer das sementes que têm de localizar uma raiz debaixo do solo. Para que não se fixem na planta que hospeda a mãe, pondo em risco a sobrevivência da família, possuem mecanismos de leitura de sinais químicos que lhes permitem detectar raízes mais distantes ou estimular o seu crescimento em plantas vizinhas.

Não se sabe se o hospedeiro retira desse negócio de alojamento local algum benefício, mas é provável que, em alguns casos, o parasitismo seja útil às duas plantas envolvidas. Na maioria, porém, as plantas parasitas infligem danos consideráveis às hospedeiras.

Salsola oppositifolia Desf.