Chegou o Outono
«Eu havia tomado o bonde na Praça José de Alencar; e quando entrámos na Rua Marquês de Abrantes, rumo de Botafogo, o outono invadiu o reboque. Invadiu e bateu no lado esquerdo de minha cara sob a forma de uma folha seca. Atrás dessa folha veio um vento, e era o vento do outono. (...) Vinha talvez do mar e, passando pelo nosso reboque, dirigia-se apressadamente ao centro da cidade, ainda ocupado pelo verão. (...) As folhas secas davam pulinhos ao longo da sarjeta; e o vento era quase frio, quase morno (...). O necessário é que todos saibam que chegou o outono. Chegou às 13:48 horas, na Rua Marquês de Abrantes, e continua em vigor. Em vista do que, ponhamo-nos melancólicos.»
Rubem Braga, O conde e o passarinho (1935)
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