Motivo da rosa
Não te aflijas com a pétala que voa:
também é ser, deixar de ser assim.
Rosas verás, só de cinza franzida,
mortas intactas pelo teu jardim.
Eu deixo aroma até nos meus espinhos,
ao longe, o vento vai falando em mim.
E por perder-me é que me vão lembrando,
por desfolhar-me é que não tenho fim.
Cecília Meireles, Mar absoluto (Antologia Poética, 2002)
1 comentário :
APÓCRIFO DE R.R.
Esvoaçam, Lídia, da rosa as pétalas
Porque, no chegado Outono,
É delas próprio o soltarem-se.
Também de nós foge o já vivido tempo:
Enlacemos as mãos, enquanto tarda
O temeroso Inverno, nosso fim.
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