Poda inadmissível
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Mais uma... podemos acrescentar.
Neste caso também não se trata de velhas árvores (plátanos, tílias, choupos...) a que anualmente se cortam os novos ramos e cuja primeira rolagem ocorreu numa época em que as "ideias" sobre arboricultura moderna só existiam na mente visonária (e nos livros) de alguns.
As árvores são jovens, a cidade é o Porto no início do século XXI e as equipas de poda são constituídas -assim foi o cidadão comum informado pelos jornais - por jardineiros formados e supervisionados por especialistas. Ou não? Talvez neste dia estivessem todos de folga e o inadmissível aconteceu. Mais uma vez.
Podas em áceres (Acer sp.) na rua do Beato Tiago Azevedo - Março 2005
«Qualquer supressão de que resulta um aspecto definitivamente mutilado da árvore deve considerar-se inadmissível visto comprometer definitivamente a finalidade estética da planta ornamental. É preferível nesse caso a supressão pura e simples do indivíduo. Apenas se exceptuarão os casos raros de indivíduos ligados a factos históricos ou quando se pense que seja possível uma reconstituição aceitável da planta.
Normalmente os cortes devem fazer-se de modo a não se notarem. O maior elogio que se pode fazer a um podador de árvores ornamentais é que não se perceba que a árvore foi podada. A forma da árvore é perfeita e portanto não é necessário corrigi-la no sentido estético nem fisiológico.»
«Se não há espaço para a árvore é preferível plantar só o arbusto, ou mesmo só a flor e não contar depois com a tesoura para manter com proporções de criança o gigante que se escolheu impensadamente»
in A Árvore em Portugal de Francisco Caldeira Cabral e Gonçalo Ribeiro Telles (Assírio & Alvim, 1999. 2ª ed.) p. 161
Adenda (30-03-05)
A Árvore em Portugal é a 2ª edição do livro que nos catálogos bibliográficos aparece com o título de A Árvore, publicado em Lisboa pelo Centro de Estudos de Urbanismo, em 1960.
4 comentários :
HISTÓRIAS DE ÁRVORES PERTO DE MIM:
1º- A minha rua é recente, larga, tem passeios com, seguramente 10m de largura, que estão cobertos de carros e apenas tem 1 (uma) palmeira.
2º- Numa rua perpendicular à minha há um passeio onde desde que aqui habito ( cerca de 10 anos) foram plantadas 5 árvores - só há espaço para 5 - 7 vezes. As árvores são plantadas e completamente abandonadas. Acabam sempre por morrer com falta de rega.
3º- Nas traseiras do meu prédio há um jardim pequeno onde foram plantadas algumas árvores. Há cerca de 2 anos reuniam-se frequentemente 3 bêbados num cafá situado nesse largo. Um desses bêbados era o porteiro do meu prédio que felizmente já cá não está, outro não o conheci mas sei que mora num prédio perto da minha rua e outro um juiz ( UM JUIZ!) que mora no prédio ao lado do meu. As janelas da casa deste senhor juiz dão para esse largo onde essas árvores foram plantadas. O senhor juiz mora num 5º andar e havia um choupo e um pinheiro que estavam a crescer muito e tiravam as vistas (outros prédios de arquitectura muito duvidosa) ao senhor juiz. Então os 3 bêbados pegaram num serrote e cortaram o choupo e o pinheiro. Claro que fiz a denúncia a CMLisboa sem resultados, à Admistração de Condóminos do meu prédio para chamar à atenção do porteiro. Foi-me respondido que o porteiro fora do prédio faria o que entendesse. É espantoso. As pessoas não sentem minimamente a importância das árvores nem têm consciência de que o que está nas ruas lhes pertence e deve ser cuidado por elas.
a propósito desta matéria fizeram, os autores do blog, uma sugestão num "comment" (a "que grandes podas", em MAR18) que poderia/deveria ser posta em prática (ver tb, p.f., a minha resposta nesse mesmo data)
como forma de separar bem as matérias e assim fazer uma melhor campanha contra esta barbárie.
a propósito pelas minhas bandas o fenómeno é igual assim como as "explicações" dos (ir)responsáveis autarcas, poderia assinar por baixo mudando apenas a localidade.
E penso que as Câmaras deste paí deviam oferecer o livro do Eng. Ribeiro Telles a todos os técnicos camarários que intervem na poda das árvores, seria uma boa campanha de sensibilização.
VM Tristíssimas histórias as das árvores perto de si! Eu por acaso ainda não comecei a contar também as das árvores perto de mim ... O que é um facto é a ignorância e a impunidade que grassam por todo o lado!
BP Calma! O assunto não foi encerrado! (e a campanha já se iniciou!) Mande(m) fotos, textos!
Quanto ao livro, Filipe, acho uma boa ideia até porque assim teria que haver uma nova edição (esta já está esgotada). Mas um livro a incluir obrigatoriamente nessa campanha de sensibilização, é o livro intitulado Arboricultura Moderna. Conheces?
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